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Antonio Pedro de braços abertos só na fachada do hospital de Niterói

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Do Antonio Pedro já saíram médicos formados para o mundo

Eu sou do tempo que médicos andavam com um cartãozinho no bolso ou na carteira escrito “em caso de acidente leve-me para o Antônio Pedro”. Lembro do pronto-socorro desse hospital de Niterói que tinha doutores experientes e competentes para atender o doente na emergência, por mais complexo e grave que fosse o caso, em qualquer dia e hora.

E olha que não havia esses equipamentos sofisticados e modernos para ajudar num diagnóstico ou numa cirurgia. As paredes eram encardidas, mas o pronto-socorro estava sempre com as portas abertas. A postos com seus jalecos brancos, professores, médicos, enfermeiros e alunos salvando vidas com o conhecimento e a experiência passada por dedicados professores.

Desse Antônio Pedro saíram milhares de doutores que há anos vem se destacando nas mais variadas especialidades, espalhados pelo Brasil e pelo mundo, fazendo com que Niterói seja reconhecida merecidamente pela competência de seus médicos.

Depois que o Antônio Pedro fechou seu pronto-socorro e inventaram o tal “tratamento referenciado”, os braços abertos que existiam antes ficaram só na imagem da entrada principal do prédio.

Agora muitos professores não têm espaço para ensinar seus alunos num hospital universitário. Os alunos ficam de braços cruzados sem a aula prática tão necessária para sua formação.

O hospital recebe verbas do Ministério da Educação, Ministério da Saúde, SUS, Prefeitura de Niterói, dotações orçamentárias de parlamentares e trabalha muito aquém de sua capacidade e do serviço que prestava antes a população.

Assistimos muitas parcerias da UFF com a Prefeitura de Niterói, mas nenhuma delas voltada para a área de saúde, talvez porque não renda marketing político.

Quando a EBSERH assumiu, há cinco anos, a administração do Antônio Pedro houve esperança de que o pronto-socorro iria ser reaberto, que iria aumentar o número de leitos e de cirurgias com uma esperada contração de médicos e profissionais da área de saúde. Mas aconteceu tudo ao contrário. A EBSERH fechou muita coisa, diminuiu as cirurgias e os leitos, além de não cuidar adequadamente da manutenção do hospital que está até com elevadores caindo aos pedaços.

Para quem tem seguro saúde, Niterói está bem servido de hospitais particulares e de ponta. Tem o CHN, Rede D’Or e Hospital de Icaraí. Mas quem não tem planos de saúde sofre recorrendo à sucateada rede municipal e ao Azevedo Lima, que pertence ao Estado.

Não adianta fazer obras de fachada, pintar paredes para inglês ver. É preciso que a Prefeitura de Niterói e a UFF façam uma parceria para reabrir o principal pronto-socorro da cidade para salvar vidas e preparar os alunos de medicina e enfermagem com a prática tão necessária para a formação profissional.

Dinheiro tem, inclusive dos royalties do petróleo, o que falta é escolher a Saúde como prioridade. Com o aumento assustador da mensalidade dos planos de saúde, com muita gente se desligando por não ter condições de pagar, é preciso ter o dever público de reconhecer que o Hospital Antônio Pedro tem que voltar a ser a tábua de salvação para essa gente que não tem a quem recorrer.

A Carta Magna no seu artigo 196 diz que saúde é direito de todos e dever do Estado, que precisa ser levada a sério e cumprido pelos governantes de todas as esferas.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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