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Antonio Pedro de braços abertos só na fachada do hospital de Niterói

Escrito por Gilson Monteiro às 10:55 do dia 16 de abril de 2022
Sobre: Saúde pede socorro
  • Hospital Antonio Pedro
16abr
Hospital Antonio Pedro
Do Antonio Pedro já saíram médicos formados para o mundo

Eu sou do tempo que médicos andavam com um cartãozinho no bolso ou na carteira escrito “em caso de acidente leve-me para o Antônio Pedro”. Lembro do pronto-socorro desse hospital de Niterói que tinha doutores experientes e competentes para atender o doente na emergência, por mais complexo e grave que fosse o caso, em qualquer dia e hora.

E olha que não havia esses equipamentos sofisticados e modernos para ajudar num diagnóstico ou numa cirurgia. As paredes eram encardidas, mas o pronto-socorro estava sempre com as portas abertas. A postos com seus jalecos brancos, professores, médicos, enfermeiros e alunos salvando vidas com o conhecimento e a experiência passada por dedicados professores.

Desse Antônio Pedro saíram milhares de doutores que há anos vem se destacando nas mais variadas especialidades, espalhados pelo Brasil e pelo mundo, fazendo com que Niterói seja reconhecida merecidamente pela competência de seus médicos.

Depois que o Antônio Pedro fechou seu pronto-socorro e inventaram o tal “tratamento referenciado”, os braços abertos que existiam antes ficaram só na imagem da entrada principal do prédio.

Agora muitos professores não têm espaço para ensinar seus alunos num hospital universitário. Os alunos ficam de braços cruzados sem a aula prática tão necessária para sua formação.

O hospital recebe verbas do Ministério da Educação, Ministério da Saúde, SUS, Prefeitura de Niterói, dotações orçamentárias de parlamentares e trabalha muito aquém de sua capacidade e do serviço que prestava antes a população.

Assistimos muitas parcerias da UFF com a Prefeitura de Niterói, mas nenhuma delas voltada para a área de saúde, talvez porque não renda marketing político.

Quando a EBSERH assumiu, há cinco anos, a administração do Antônio Pedro houve esperança de que o pronto-socorro iria ser reaberto, que iria aumentar o número de leitos e de cirurgias com uma esperada contração de médicos e profissionais da área de saúde. Mas aconteceu tudo ao contrário. A EBSERH fechou muita coisa, diminuiu as cirurgias e os leitos, além de não cuidar adequadamente da manutenção do hospital que está até com elevadores caindo aos pedaços.

Para quem tem seguro saúde, Niterói está bem servido de hospitais particulares e de ponta. Tem o CHN, Rede D’Or e Hospital de Icaraí. Mas quem não tem planos de saúde sofre recorrendo à sucateada rede municipal e ao Azevedo Lima, que pertence ao Estado.

Não adianta fazer obras de fachada, pintar paredes para inglês ver. É preciso que a Prefeitura de Niterói e a UFF façam uma parceria para reabrir o principal pronto-socorro da cidade para salvar vidas e preparar os alunos de medicina e enfermagem com a prática tão necessária para a formação profissional.

Dinheiro tem, inclusive dos royalties do petróleo, o que falta é escolher a Saúde como prioridade. Com o aumento assustador da mensalidade dos planos de saúde, com muita gente se desligando por não ter condições de pagar, é preciso ter o dever público de reconhecer que o Hospital Antônio Pedro tem que voltar a ser a tábua de salvação para essa gente que não tem a quem recorrer.

A Carta Magna no seu artigo 196 diz que saúde é direito de todos e dever do Estado, que precisa ser levada a sério e cumprido pelos governantes de todas as esferas.

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Gilson Monteiro
Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.
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7 thoughts on “Antonio Pedro de braços abertos só na fachada do hospital de Niterói

  1. – Em 2012 fui recebido de braços abertos pelo Hospital Universitário Antônio Pedro na especialidade de urologia pelos excelentes médicos Dr. José Scheinkman, Dr. Rubens Amâncio e toda equipe médica, só tenho agradecer. Infelizmente os bons profissionais já não pertencem mais aos quadros funcionais, naquela época já existia dificuldades financeiras hoje a situação está muito pior. Continuo sendo assistido por este hospital quando irei ser chamado para minha cirurgia só Deus sabe. Bons tempos. Vida que segue.

    1. Sou enfermeiro com nível superior, trabalho no Huap a 40 anos, o texto feito acima traduz toda realidade vivida pelos profissionais e cliente.
      Realmente hj com Ebserh falta insumos, grande parte dos funcionários da Ebserh de licença médica, os profissionais antigos não conseguem se aposentar etc.
      Uma gestão que reduziu leitos, reduziu funcionários.
      E em consequência vários pacientes morrem na fila pois não conseguem atendimento ambulatorial.

  2. Eu entendo para mim, que pior que a corrupção, que é uma pandemia no Brasil, são os desperdiço do dinheiro publico no Brasil, com má aplicação das verbas disponíveis !!! E A UFF É UM EXEMPLO DISSO !!!
    A pouco mas de 10 anos a UFF tinha tantas verbas do Mistério da Educação, que nadava em dinheiro. Construiu dezenas de prédios no campus da Faculdade de Engenharia, na Faculdade de Veterinária, Biologia, no Campus de São Domingos e outras construções ou reformas, Sobrava tanto dinheiro, que COMPROU O CINEMA ICARAÍ, para a orquestra da UFF e outras finalidades, que julgo supérfluas em razão de outras necessidades e pior , até hoje nada fez no referido espaço. Esse DESPERDIÇO CUSTO 12 ou 13 MILHÕES A ÉPOCA !!!

    O Hospital Antônio Pedro, se errado não estou, pertence a UFF, e é um hospital Universitário, onde os acadêmicos fazem suas residenciais com seus mestres. Porque parte dessas verbas não foram aplicadas lá !!!
    Por conclusão lógica, se o nosso amado Hospital, se encontra nessa decadência, não se pode excluir as mas gestões anteriores da UFF, com descaso do Hospital Antônio Pedro !!!!

  3. Gilson Monteiro – cabra véio e guerra – jornalista de coração e vocação, não deixa passar, sem critica, o que tá errado. Essa é a função principal do jornalista, apontar à população, ao povo, os erros cometidos por governos incompetentes, que envolvidos nos atos de improbidade e corrupção se esquecem que foram eleitos para trabalhar para o povo e não para roubarem o povo. Há anos coma cabeça quebrada fui socorrido no Pronto Socorro do Antonio Pedro. Conheci e fui tratado por excelentes médicos que se formaram e residência fizeram nesse Hospital. Mas, o brasil andou pra trás, em todos os setores funcionais, no atendimento à sociedade. A corrupção generalizada acabou o que de bom existia e deixou de herança o que de mal pode haver. Só nos resta sentar e chorar ou aprender a votar na escolha de candidatos dignos e honestos

  4. É um absurdo o fechamento do PS do HUAP.
    Sou profissional da área de saúde, estagiei no HUAP nos anos de 1990/1991, aprendi mtas coisas q, carrego comigo em minha vida profissional até hoje.
    Além de q, fui paciente politraumatizado do HUAP em 1987, devido a um grave acidente de trânsito e, graças aquele hospital e a seu quadro de qualificadíssimos profissionais, estou vivo hj dando esse depoimento.
    Vamos lutar pela reabertura do PS do HUAP. O povo unido consegue tudo.

  5. A UFF e a Prefeitura, ao que parece, só querem fazer politicagem. Acabou a prioridade em prestar um serviço de excelência para a população. A UFF está aparelhada no colorido encarnado da sua população estudantil e a Prefeitura prioriza as “OS” e expandir as Secretarias e os cargos comissionados.
    Triste!!

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