Rodrigo Neves, ex-prefeito de Niterói, ex-PT, ex-Verde e hoje pedetista tentando se eleger governador do Estado do Rio de Janeiro, montou um palanque elástico em que tenta acomodar o velho companheiro Lula, além de Ciro Gomes, candidato do PDT ao Planalto, e também a emedebista Simone Tebet.
Rodrigo Neves tentou de todas as maneiras voltar para o PT contando com o apoio do vice-presidente nacional Washington Quaquá. Mas encontrou resistência da presidente Gleisi Hoffmann e do ex-senador Lindberg Faria, que argumentaram que no Partido dos Trabalhadores não tinha espaço para traidor.
Como o PDT lançou mais uma vez Ciro Gomes a presidente da República, diante da pouca aceitação do candidato cearense no RJ Rodrigo procurou diretamente Lula. Mas este já havia oferecido seu palanque em terras fluminenses a Marcelo Freixo, candidato do PSB a governador do Estado do Rio de Janeiro.
Na noite de segunda-feira (04/07), sem ser surpresa para ninguém, o ex-prefeito de Niterói lançou movimento na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) em apoio à chapa Lula para presidente e ele próprio, Rodrigo, a governador.
No mês passado Rodrigo Neves já havia desfilado na Engenhoca, na Zona Norte de Niterói, com a candidata do MDB à presidência da República, Simone Tebet, ao lado de políticos e secretários municipais.
Não se conhece, ainda, a reação de Ciro Gomes, que não tem papas na língua, diante da infidelidade do candidato de seu partido. A confusão está formada porque Lula lança amanhã sua candidatura na Cinelândia, no Rio, e já avisou que só quer Freixo em seu palanque, pois o PSB faz parte da sua aliança.
Vale lembrar uma das histórias da velha província niteroiense. Certa ocasião, um político chaguista de carteirinha ofereceu apoio à candidatura de Hamilton Xavier a deputado federal. Fiel escudeiro do ex-governador Amaral Peixoto, que comandou a vida toda o território fluminense, Hamilton perguntou ao cacique político o que achava da proposta. Amaral respondeu ao ex-vice-governador de pronto:
– Aproveite politicamente a traição, mas jamais o traidor, porque senão o próximo traído será você.
Por essas e outras é que a política virou essa mixórdia, palco das coisas mais absurdas que, por mais incríveis que pareçam são recebidas com naturalidade espantosa pelo eleitor.
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