O que sobrou do Cinema Icaraí, abandonado há anos com sabe-se lá o que dentro do prédio (madeira, sanca, cadeiras, fartura de material inflamável), é um exemplo idêntico ao do Museu Nacional, assassinado pela lambança da UFRJ e de outros bandoleiros governamentais ao logo do tempo.
A responsável pelo Icaraí é a UFF, mas moradores da região (de fato é só passar lá e ver) afirmam que o prédio continua largado como sempre, a mercê do sol, da chuva, dos balões, etc. Com o criminoso incêndio do Museu, é natural que os moradores da área do entorno do ex-cinema tenham entrado em pânico. Afinal, como no ex-museu, basta cair um balão no telhado e o prédio vai para o espaço, arrastando outros em volta, coisa que nem Nero, o que tacou fogo em Roma, teria coragem de fazer.
Não dá para entender. A UFF tem dificuldades financeiras crônicas, desde o século passado. Então, por que aceitou assumir o prédio do cinema que lhe foi passado pela a prefeitura e largar no abandono? Vaidade? Sensação de poder do tipo “eu sou dono do mundo?”, insanidade?
Parece seguir o exemplo da UFRJ que por anos lutou na justiça para reaver o prédio do Canecão (que lhe pertence), ganhou a ação e abandonou o imóvel, transformado em antro de ratos e muito, muito material inflamável e que se dane o avião. Afinal, a instituição parece manter um fetiche pelo fogo pois até o prédio da reitoria no Fundão pegou fogo em 2016, além do histórico Palácio Universitário, na Praia Vermelha.
Também é dramática e vergonhosa a degradação do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Fundão (Inaugurado em 1978, há 40 anos), com lotação esgotada, rachaduras, falta de tudo. O Hospital do Fundão foi uma referência nacional e por lá estiveram e estão grandes e abnegados nomes da área médica que podemos, sim, chamar de heróis.
Na verdade, o protagonismo dessa crise geral na UFRJ chama-se aparelhamento partidário, uma perversa ação entre confrades que ignora a competência e responsabilidade. Por exemplo, se o saudoso Dr. Ivo Pitangui fosse cotado para dirigir uma área médica da UFRJ seria preterido pelo Doutor Bumbum caso este fosse coleguinha de partido dos cardeais.
Leia o que informou o site “O Antagonista” essa semana: “A tragédia cultural voltou a chamar a atenção para o aparelhamento político-ideológico da universidade federal, cuja reitoria é composta pelo seguinte quadro de socialistas e comunistas:
Reitor: Roberto Leher – filiado ao PSOL;
Vice-reitora: Denise Fernandes Lopez – filiada ao PSOL;
Pró-reitor de graduação: Eduardo Gonçalves – filiado ao PCB;
Pró-Reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças: Roberto Antonio Gambine Moreira – filiado ao PCdoB;
Pró-Reitora de Extensão: Maria Mello de Malta – filiada ao PSOL;
Pró-Reitor de Pessoal: Agnaldo Fernandes – filiado ao PSOL.
Isso é que é reitoria com partido.
Não causa surpresa que o reitor socialista tenha culpado até os bombeiros.”
O desleixo do Brasil com a cultura (em geral, incluindo empresas, pessoas, etc) é histórico. Governo não está nem aí, pouquíssimas empresas apoiam projetos, bancam museus, teatros, galerias, assim como muitas pessoas físicas são incapazes de dar um passo para ajudar o setor.
O caso do prédio do ex- cinema Icaraí é emblemático. É caso de ter havido manifestações, passeatas, protestos, ações, mas esses movimentos em geral só visam o próprio umbigo, ou marketing partidário.
E que se dane o avião.
Só pra esclarecer… o cinema foi comprado por R$ 11.000.000 (onze milhões de reais), mesmo com a Universidade afundada em dívidas.
Caro Gilson, o Cine Icaraí – abandonado faz tempo! – pertence a UFF/Universidade Federal Fluminense. Hoje, se vc pedir pra entrar lá, só vai encontrar 4 paredes! Sim, 4 paredes de um espaço sucateado… não há mais poltronas, luminárias, cortinas, bombonières, caixas registradoras, maquinário!!!! Um tradicional “The End”! Foi tudo retirado do Cine Icaraí, numa sessão noturna extra! Só não sei pra onde levaram tudo isso!!!
O MAC guarda uma parte considerável do seu acervo dentro do Terminal João Goulart. Esta parte da reserva técnica do MAC está armazenada em salas sem climatização, sem a devida proteção contra as alterações climáticas /ambientais, sem a devida proteção contra roubo, dentro de um terminal de ônibus cheio de lojinhas com instalações elétricas precárias ( vulgo “gambiarras”), com grande risco de danos irreversíveis ao patrimônio cultural de Niterói. Não sei qual o partido político dos responsáveis pelo MAC, ou a quem o referido museu está “aparelhado”, mas seria bom esta coluna ajudar a divulgar o perigo que o acervo do nosso MAC está correndo.