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O final feliz de Fubá, cachorro sequestrado na Niterói-Manilha

Escrito por Luiz Antonio Mello às 07:33 do dia 19 de setembro de 2020
Sobre: Estrada do medo
  • fubá
19set

fubáFubá, um simpático cachorro da raça shih tzué, virou atração em todas as mídias no começo desta semana.

Ele estava no carro dos donos sábado passado quando foram assaltados as 6 e meia da manhã no trecho Niterói-Manilha da BR-101, (conhecida como BR). Fortemente armados, os bandidos mandaram parar e queriam levar uma criança de 13 anos. Os pais imploraram e eles acabaram levando o cachorro, malas e um celular.

A notícia ganhou os sites dos principais jornais e rádios, além das redes sociais, que divulgaram a história. Várias fotos do Fubá foram postadas, milhares de pessoas compartilharam e na noite de terça-feira ele foi encontrado, próximo ao piscinão de São Gonçalo, imediações do bairro Boaçu.

A dona, Rafaella Azevedo, 28 anos, resolveu ir ao local depois de receber a informação de que havia uma concentração de cachorros perdidos por lá. Fubá estava um pouco sujo, muito assustado e acuado, mas logo reconheceu a dona. Emocionada, a família agradeceu a todos pelas redes.

O fato chama mais uma vez atenção para a situação cada vez mais grave da Niterói-Manilha, principal via de ligação para São Gonçalo cidade que está sob o jugo do narcotráfico e das milícias.  Segundo a Delegacia de Homicídios, milicianos já são responsáveis por 40% dos assassinatos na cidade que tem cerca de 1 milhão e 100 mil habitantes.

Especialistas dizem que se os governos federal e estadual resolvessem agir, implantando um regime de intervenção na rodovia – que passaria a contar com vários postos policiais, ronda intensa com várias viaturas com apoio aéreo – as organizações criminosas perderiam a sua principal via de operações. Mas, como se sabe, em muitos casos as milícias se tornaram intocáveis por causa de questões políticas. Segundo o jornal O São Gonçalo, na cidade já existem várias “firmas” formadas entre milicianos e traficantes.

Esse trecho da BR-101 que passa por São Gonçalo foi o recordista de roubos de veículos em todo o país em 2019, segundo levantamento realizado pela empresa de segurança MoviSafe, divulgado em janeiro. O relatório foi elaborado a partir de dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

De acordo com o documento, de janeiro até novembro de 2019, a região atendida pelo 7º BPM (São Gonçalo) computou 4.402 roubos de veículos e 1.300 roubos de carga, sendo o principal município de abordagem de bandidos para esse tipo de crime em todo o estado do Rio.

Um ano antes, em 2018, das sete áreas com a maior concentração de roubos de cargas em todo o estado, quatro ficavam em São Gonçalo: Complexo do Salgueiro, Porto do Rosa, Lagoinha e Jardim Miriambi. Ao analisar os incidentes nessas localidades, o estudo aponta que a maior parte (31,9%) das 1.576 cargas roubadas foi de alimentos, o que representa 503 casos.

De acordo com o dossiê a maioria das abordagens criminosas (54,4% ou 857) ocorreu das 8h às 13h, com pico entre 10h e 11h, e 80,2% aconteceram entre terça e sexta-feira. Sozinha, São Gonçalo anotou 18,7% dos registros de roubo de carga em todo o estado em 2018: quase um a cada cinco ocorrências.

O trecho entre Niterói e Manilha é considerado por vários órgãos de segurança como um dos mais violentos do país. Junto às suas margens estão, por exemplo, os complexos do Salgueiro e do Jardim Catarina, áreas dominadas há anos pela mesma facção criminosa.

Em relação aos arrastões, os pontos mais críticos, mostra o levantamento, são a altura dos quilômetros 309 e 310, em Itaúna e no Portão do Rosa, respectivamente; a região do viaduto do Tanguá, próximo ao quilômetro 280; e os bairros do Gradim, do Boaçu e do Boa Vista.

Uma situação que só piora e nada é feito.

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Luiz Antonio Mello
Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.
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