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Urgência médica só com muita paciência

Escrito por Gilson Monteiro às 17:09 do dia 28 de março de 2016
Sobre: Hospital lotado
28mar

mariomonteiro-amil1Prometida pelo prefeito ex-petista Rodrigo Neves (PV) para ser inaugurada até o fim deste mês, a Unidade de Urgência Mário Monteiro, em Piratininga, na Região Oceânica, vai abrir as portas trazendo de seu endereço provisório — o hospital da Amil, alugado pela prefeitura de Niterói — toda a falta de estrutura para atender a população. Hoje, por volta das 16h, é que estavam atendendo uma senhora que chegou lá antes das 9h. Era tanta gente aguardando pelo atendimento que não cabiam todos no saguão. Muitos ficavam do lado de fora do prédio.

Cida Guimarães, programadora visual moradora de Itaipu, conta que procurou o Mário Monteiro também às 9h da manhã da última quarta-feira (23/03). “Havia mais de 50 pessoas à espera de atendimento. Eram idosos gemendo, crianças chorando, gente com os mais variados tipos de problema – mal súbito, doenças crônicas etc. Os funcionários da recepção avisavam que o critério de atendimento era o grau de prioridade, ou seja, pessoas mais graves eram atendidas primeiro. A avaliação da gravidade do paciente era feita por atendentes, certamente sem nenhuma formação médica”, acrescentou.

Com febre e dores agudas, três horas depois ela foi informada que hospital dispunha de apenas dois médicos para atender toda aquela gente, que, àquela altura, já não cabia mais na recepção.

– Esperei mais três horas e cobrei por meu atendimento. Afinal, o meu tempo de espera já atingia cinco horas. Estava indignada. Ao dirigir-me um funcionário que se identificava como “enfermeiro chefe”, fui tratada com grosseria e arrogância. O tal “enfermeiro chefe” limitou-se a informar que não havia qualquer previsão para o meu atendimento e encerrou a conversa com um irônico “boa tarde”. Cheguei à triste conclusão que jamais seria atendida. Senti-me humilhada como cidadã. Pago em dia meus impostos e não recebo nada em troca. Quem mora na Região Oceânica, sabe como é precária a infraestrutura urbana – ruas esburacadas ou sem pavimentação, a rede de drenagem não funciona, não há fiscalização de postura, pedestres e ciclistas são vítimas frequentes de acidentes… E mais esta:  não consegui da prefeitura um simples atendimento médico”.

Sem plano de saúde, Cida que não conseguiu atendimento no hospital público, procurou uma clínica particular. O médico diagnosticou que ela estava com o zika vírus. “Felizmente, já estou melhorando. Mas aquela imagem da recepção do Mário Monteiro não me sai da cabeça. Aos moradores de Niterói, peço que rezem para não precisar do serviço público de saúde”, diz Cida Guimarães.

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Gilson Monteiro
Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.
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