Como disse Martin Luther King “eu tenho um sonho”. Meu sonho de Ano Novo é fazer um jornal só de boas notícias em Niterói. Ia dar trabalho pra caramba, mas valeria muito à pena.
Em meio a um suave delírio, imagino as manchetes:
– Covid 19 é eliminada do planeta após vacinação mundial.
– Hospital Antonio Pedro recebe grande investimento, reativa emergência e aumenta em 100% o quadro de profissionais de saúde.
– Prefeito reduz para 15 o número de secretarias, corta comissionados e congela salários dos que permanecem. Reforma administrativa reduz IPTU.
– Projeto de despoluição é concluído sem roubalheira e Baía de Guanabara volta a ter águas cristalinas.
– Com a dignidade restaurada, MAC volta a brilhar no cenário cultural mundial.
– Niterói acaba com ciclofaixas e inaugura 150 quilômetros de ciclovias interligando todos os bairros.
– Canto do Rio é campeão brasileiro de futebol.
– Graças a Taxa de Iluminação Pública (que pagamos todos os meses na conta de luz), Praia de Icaraí ganha nova iluminação de Led e fica mais prateada do que Copacabana. Dá para tomar banho de mar a noite.
– Quiosques-barracos da orla da cidade são derrubados e substituídos por novos, projetados por arquitetos e urbanistas vencedores de grande concurso realizado pela prefeitura.
– Prefeitura diminui em 50% a ocupação irregular em morros onde planta vegetação nativa.
– Prefeitura despeja de avião um milhão de bombas de sementes em várias regiões da cidade. (https://bit.ly/3huRc2q)
Lá nos anos 1980, um colega animado, eufórico, decidiu lançar no Rio um jornal assim. Não vou esquecer o seu semblante, sua vibração, era como se ele se tivesse inventado a roda, a pólvora, a lâmpada, o motel.
A mesa no Lamas, com quase dez colegas jornalistas, estava cética. Houve muita discussão. Uns diziam que um jornal assim seria alienante, tiraria o público da realidade e que a realidade, queiramos ou não, é brutal mas é autêntica. Nosso animado colega rebatia dizendo que, exatamente por isso (realidade brutal) o público deveria estar buscando um antídoto, uma vacina. Outros acharam a ideia engraçada, mas o fato é que ninguém levou fé no projeto do R. A. (iniciais do meu colega).
R.A. era perseverante. Não desistia, mesmo levando um nove a zero numa mesa de bar. Não chegou a dez a zero porque dei força ao projeto, e continuo acreditando (hoje mais do que nunca) que um jornal só com boas notícias seria um sucesso sensacional.
R.A. procurou um desenhista, fez o esboço do jornal (o termo técnico é “boneca do jornal”) e saiu por aí à cata do fundamental para qualquer mídia: anunciantes.
Antes, deu um giro pelo Rio conversando com jornaleiros, observando o comportamento dos leitores, principalmente aqueles que antes de comprarem um jornal dão uma conferida nas manchetes, nos exemplares que ficam expostos do lado de fora das bancas.
Mesmo percebendo que as notícias ruins tinham muito peso na decisão do consumidor de comprar um jornal. Foi mais fundo. Conversou com alguns desses leitores e, segundo me contou mais tarde, a maioria quase absoluta optou por primeiras páginas equilibradas. Algo como sangue, suor e cerveja, digamos assim. Nem muito lá, nem muito cá.
Mas o persistente R.A. estava longe de jogar a toalha. Um dia vi o projeto do jornal. Gostei. Descobertas científicas maravilhosas, entrevistas com gente otimista, muita cultura, palavras cruzadas só com questões positivas, enfim, o jornal parecia uma espécie de “Shangri-lá News”.
Durante um ano ele tentou arranjar anunciantes. Conseguiu alguns, mas não foi suficiente para cobrir os custos do jornal. Em vez de desistir, vejam vocês, R.A. decidiu ir para o exterior onde hoje comanda um pequeno império de jornais e revistas especializadas em lazer e turismo. Infelizmente não consegui localizá-lo para ele dar o OK para publicar o seu nome.
O curioso é que o ser humano tem uma fixação pela tragédia. Pagava ingresso para ver leão comendo cristão no Coliseu Romano e até hoje paga para ver lutas de vale-tudo, assiste mundo-cão na TV e tudo mais.
Será que um jornal só de boas notícias, nos moldes do que R.A. bolou, daria certo neste século 21? Totalmente apolítico, bem-humorado, com notícias de coisas que estão dando certo, doenças que estão sendo curadas, tecnologias que melhoram a nossa qualidade de vida, mas tudo sem histeria.
Linguagem tranquila, como se fosse a mídia do lado bom do mundo, ou da humanidade se preferirem. Não sei se é o caso de se fazer um jornal desses, mas, com certeza, é hora de se pensar em algo assim.
Pois pensaram e fizeram. Um site. Ótimo! Visite: https://www.sonoticiaboa.com.br/
Saúde! Saúde! Saúde! Saúde! Saúde! Saúde!
Viva 2021!
Conheço alguém que é capaz de fazer este jornal: Luiz Antônio Mello. Ele também tem capacidade para criar uma emissora de rádio nesse estilo, de preferência uma cuja concessão já seja da cidade como a 102.9 ( Rádio Cidade).
Maravilha! Dez, nota dez. Pode ser possível. Vamos?