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Músico morreu em UPA sem cardiologista

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O extraordinário músico Arthur Maia, de fama internacional, grande figura humana, ex-secretário municipal de Cultura, morreu sábado, de enfarte, na UPA Mário Monteiro, em Piratininga. O hospital não tem cardiologista  e, há meses, agoniza por falta de tudo, remédios, equipamentos, médicos de outras especialidades, enfermeiros, e pessoal de apoio, mas a Fundação Municipal de Saúde (FMS) já pagou à Espaço Serviços Especializados, este ano, R$ 22,6 milhões com locação de mão-de-obra para ter funcionários na recepção e fazer a limpeza de unidades de saúde.

O prefeito Rodrigo Neves, que está preso desde o dia 10/12 acusado de receber mais de R$ 10 milhões em propina de empresas de ônibus, reinaugurou o Mário Monteiro em abril de 2016, dizendo que tem feito mundos e fundos pela saúde de Niterói. Prometeu no discurso e até em seu perfil no Twitter que o hospital funcionaria 24h por dia.

No entanto, a Unidade de Urgência Mário Monteiro vem sofrendo cortes seguidos no quadro médico e paramédico. Em abril deste ano, sete cirurgiões foram dispensados. A FMS demitiu-os uma semana antes de Rodrigo Neves e a secretária de Saúde Maria Célia Vasconcelos viajarem para Havana, onde participaram da Conferência Internacional Cuba Salud.

Pouco depois, com a repercussão da notícia publicada pela Coluna, Neves voltou atrás e Maria Célia readmitiu os cirurgiões. O Mário Monteiro nunca funcionou com cardiologistas, apesar de ser uma unidade de urgência. Com a reforma do pequeno hospital, a FMS acabou com a ortopedia de urgência e de ambulatório que funcionava no Hospital Municipal Carlos Tortelly e fechou postos de saúde nos bairros, sobrecarregando o Mário Monteiro que passou a ser o único atendimento médico da prefeitura disponível na Região Oceânica.

Médicos da Unidade de Urgência relatam que a Secretaria Municipal de Saúde já avisou ao diretor médico que pretende reduzir em R$ 50 mil mensais o orçamento da Unidade. Para isso deveria dispensar novamente os cirurgiões do dia (os da noite já foram dispensados há mais de dois anos), e também os ortopedistas e os pediatras da noite.

O quadro atual do Mário Monteiro é composto por 7 cirurgiões geral; dez pediatras, nove ortopedistas e 23 clínicos gerais, a maioria deles recebendo por serviço prestado, e com atraso de 40 dias.

Caso haja novos cortes, os outros médicos dizem que não conseguirão trabalhar com essa carência, temendo até sofrer ameaças da população que não entende por que faltam profissionais para atender suas urgências.

Os cortes de pessoal já começaram com a demissão de dez enfermeiros e técnicos de enfermagem, funcionário do almoxarifado, da farmácia (só havia um) e do laboratório (sobrou apenas um).

O hospital tem uma ambulância caindo aos pedaços que não é mais usada para transportar pacientes. Serve apenas para pegar material para o almoxarifado do Mário Monteiro. Este ano, a FMS já gastou cerca de R$ 700 mil com aluguel de ambulâncias da empresa Ame HP Assistência Médica Especializada e da micro-empresa Lefe Emergências Médicas Ltda.

Em 2018, a FMS está gastando  R$ 525 milhões do Fundo Municipal de Saúde, sendo mais de R$ 100 milhões pagos a empresas. O fundo é constituído em cerca de 90% por recursos do Sistema Único de Saúde repassados ao município, e o restante por recursos do Tesouro e até dos royalties do petróleo (em pequena escala).

 

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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