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Guarda armada, tiro pela culatra?

Escrito por Gilson Monteiro às 16:15 do dia 2 de agosto de 2017
Sobre: Alvo político
02ago

Depois do treinamento com armas não letais, como o spray de pimenta, guardas municipais de Niterói aprenderam a usar armas de fogo

A prefeitura de Niterói vai realizar ainda neste semestre um plebiscito para a população decidir se deve armar ou não a Guarda Municipal (GM). Antes da consulta, porém, já treinou 31 guardas para o uso de armas de fogo e anuncia a pretensão de transformar a GM em Polícia Comunitária.

Em debate na Câmara de Vereadores, a proposta de armar os guardas municipais recebeu apoio declarado apenas de representantes da prefeitura presentes à audiência pública. Os demais debatedores foram contrários à medida. Luciane Patrícia, professora do Curso de Segurança Pública da UFF, disse que “a sociedade está sendo orientada pelo medo, um péssimo conselheiro” e advertiu que a guarda municipal não tem poder de polícia.

O ex-comandante geral da Polícia Militar, coronel PM Ibis Pereira, lembrou que a Lei Orgânica de Niterói não prevê a atuação do município na área de segurança pública. Destacou estarmos “vivendo na região mais violenta do mundo, em que morre um brasileiro a cada nove minutos”, mas o problema seria, em sua opinião, “mais político do que de polícia”.

Para o ex-comandante-geral da PM, a violência crescente no Estado do Rio demonstra que a política de segurança do governo estadual está na direção errada. Porém, é contrário à medida proposta pela prefeitura de Niterói porque “mais gente armada significa mais violência”.

A professora Luciane Patrícia advertiu que a GM, “assim como a Força Nacional, não tem poder de polícia e trabalha na incerteza constitucional”. Porém, como há “uma descrença nas instituições públicas, uma Guarda armada, em um primeiro momento, faz aumentar a sensação de segurança”. Concluiu ser preciso “aprofundar o debate para saber o que a cidade deseja”.

A vereadora Talíria Petrone, que preside a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, afirmou que “o papel do município deve ser de prevenção e não de repressão e combate. Temos que priorizar a melhoria das condições de cidadania das pessoas”.

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Gilson Monteiro
Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.
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3 thoughts on “Guarda armada, tiro pela culatra?

  1. Mais um factóide da gestão Rodrigo Neves. Tem gente que acredita que armar esses guardas municipais adiantará alguma coisa. Basta comparar um treinamento recebido por um policial civil ou militar para ver como essa pretensão é enganosa.

  2. Não é o medo o problema. É a falta de coragem dos orgãos públicos para combater o crime. Primeiro eliminar esta corja sem recuperação. Depois investir na educação para evitar a sua proliferação. Uma medida sem a outra é inútil.

    Enquanto estes debatedores ficam discutindo o sexo dos anjos, os anjos morrem nas ruas e estes não são os que cometem crimes, mas os que estão na mira daqueles e sofrem com a inércia, hipocrisia e covardia de “pesquisadores”, comissões de direitos dos manos..digo, direitos humanos e quem não está mais na guerra.

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