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Coluna do LAM

Em Niterói, público some e força cinemas a baixarem preços absurdos dos ingressos

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Com 25 salas de alta qualidade, Niterói está entre as cidades brasileiras com o maior número de cinemas, mas devido a injustificável ganância dos empresários, o público sumiu.

Os preços frequentavam a galeria dos absurdos, quase 10 dólares em algumas salas contra 7 dólares, em média, em uma sala top Nova Iorque. Calado, quieto (a tal maioria silenciosa de Nixon), o publicou reagiu desaparecendo. Optou por filmes e séries de graça na TV aberta, ou pagar 86 centavos por dia a Netflix ou Amazon Prime.

A importante exceção é o Cine Arte UFF que tradicionalmente tem preços realistas, condizentes com a realidade brasileira: a R$ 5,00 as segundas-feiras, meia entrada a R$ 8,00 e inteira a R$ 16,00 no resto da semana. Uma compensação do governo (a UFF é federal) pelos impostos que pagamos.

No Reserva Cultural, os escalpelantes R$33, inteira, e R$16,50, meia, baixam para R$ 14, inteira, e R$ 7, meia as segundas e terças feiras. Quem frequenta nota que já houve uma melhora de público.

O mestre Cacá Diegues, um dos maiores e melhores corações e mentes deste país, escreveu em sua terapêutica coluna de segundas-feiras no Globo, no último dia 10:

“ (…) No Brasil de hoje, o cinema é uma das diversões mais caras, proibitiva para a grande maioria da população.(…).

(…) Nosso preço do ingresso faz do cinema uma diversão fina de shopping centers, uma das mais relativamente dispendiosas do mundo.

Se somarmos a ele a indispensável pipoca superfaturada e a Coca-Cola mais cara do continente, não dá para um trabalhador de salário mínimo ir ver um filme toda semana, com mulher e filhos. Ele reserva seu pouco dinheiro para ver, em dia de festa, numa tela enorme e com som espantoso, os “Vingadores” ou a “Malévola” do ano. O resto ele vê na televisão, de graça e de pijama, quando chega em casa do trabalho árduo do dia.

Ainda assim, os filmes brasileiros vendem cerca de 25 milhões de ingressos por ano. E, na televisão, como agora no streaming das OTTs, nossos filmes batem recordes de audiência, sempre bem mais do que renderam nas salas e, muitas vezes, superiores à dos blockbusters de Hollywood. (…)”.

Cidade do audiovisual

A boa notícia é que Niterói vem se reafirmando como polo para o mercado audiovisual. Criado em 2017, o bem sucedido Edital de Fomento ao Audiovisual, da prefeitura, injetou mais seis milhões de reais no setor este ano. A repercussão foi imediata.

Segundo dados da Secretaria de Fazenda, divulgados pelo Globo, o número de alvarás para abertura de empresas do ramo subiu de 34 em 2017 para 55 em 2018: um incremento de 62%. O setor também registrou um aumento de 75% no volume de prestação de serviços ligados ao audiovisual, no comparativo entre o primeiro e o segundo semestres do ano passado. De 2017 a agosto, foram feitas 142 filmagens em Niterói, 45 somente este ano, o que é ótimo para a economia da cidade.

Não foi à toa que a primeira faculdade de Cinema do Brasil foi criada há 51 anos pelo lendário Nelson Pereira dos Santos aqui na UFF, em Niterói, cuja história se confunde com cenas na telona. Há dias, foi declarada pela prefeitura Patrimônio Cultural Imaterial do município de Niterói, projeto do vereador Leonardo Giordano (PC do B).

Se os empresários do setor segurarem o apetite nos preços dos ingressos, o retorno do público virá porque uma coisa é certa: seja na TV, seja no muro, seja na fachada de prédios, o niteroiense jamais vai deixar de consumir cinema.

Curtas

## O Campo de São Bento é de uma indiscutível beleza e importância, mas infelizmente a sua ocupação com eventos pesados, que deveriam acontecer no Teatro Popular, causam indignação. Como o Parque Lage e o Jardim Botânico, no Rio, o nosso Campo é para ser contemplado, um lugar de sossego e não de esculachos como feiras de cervejas, food trucks, etc.

Só quem é de Niterói entende a importância do Campo de São Bento e sofre, revoltado, com a sua indevida e tosca ocupação.

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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