Conforme Deliberação Agetransp* nº 1.117 de 19/12/2019, a passagem da linha Charitas-Praça 15 de barcas vai subir para R$ R$ 18,20 no dia 12 de fevereiro e na linha Praça Arariboia-Praça 15 sobe para R$ 6,50. Índice de 3,29%, referente à variação do IPCA entre fevereiro de 2019 e fevereiro de 2020 (projeção).
Comparamos. Às 11h40m de quarta-feira, uma viagem de Charitas até a Praça 15 num carro do aplicativo 99 custava R$ 40,00. Se quatro pessoas rachassem, cada uma pagaria R$ 10,00. Sem filas, sem calor, mais rápido, sem as aporrinhações no entorno da estação (flanelinhas, falta de vagas). Os preços das passagens de linhas de ônibus que partem de Charitas para o Rio variam de R$ 8,00 e R$ 13,00.
Muitos grupos tem recorrido aos carros de aplicativos que fecham pacotes mensais abaixo da tabela comum em todos os horários do dia, noite e madrugada. Os usuários relatam que é mais rápido, mais seguro e mais confortável e os motoristas de aplicativos comemoram porque garantem faturamento certo.
A capacidade de passageiros das embarcações que atendem Charitas é de 237, em três modelos delas. Mas, há outras três segundo a Wikipedia: Hárpia, que comporta 647, outra, Fênix (356) e uma terceira, Falcão. Já as que atendem a linha Praça Arariboia-Praça XV carregam de 1.300 a 2 mil passageiros.
Por se tratar de uma área de pouca profundidade, Charitas não pode receber embarcações grandes, caso dos catamarãs para 1.300 e 2 mil pessoas. Para isso, seria necessária uma caríssima dragagem na região e, também, um outro modelo de estação, bem maior, para absorver o fluxo de milhares de passageiros.
O impacto na região seria enorme. Hoje, mesmo operando com embarcações pequenas, a estação Charitas causa transtornos por causa das constantes filas duplas de carros, manobras, estacionamento, o que, nos horários de rush, prejudicam o fluxo do trânsito que segue para o túnel que leva ao Cafubá e também a Jurujuba.
Cada embarcação de 2 mil passageiros transporta o equivalente ao que oito barcas 237 passageiros conseguem levar. A empresa que explora o serviço argumenta que, por isso, a linha é classificada de “seletiva” e não “social”.
Há outras questões em segundo plano. Para começar, visando economizar combustível, as embarcações operam em velocidade baixa o que aumenta o intervalo entre uma e, logicamente, entope a estação de passageiros esperando. O sistema de refrigeração ambiente não costuma dar vazão no verão irritando os passageiros que, em alguns casos (apesar da proibição do Tribunal de Justiça) são obrigados a aturar, eventualmente, música ao vivo à bordo.
Nos anos 1970 e 80 muitos projetos foram feitos visando multiplicar as linhas de barcas na Baía de Guanabara. O que ninguém consegue entender é o fato de, até hoje, não ter sido criada pelo menos uma linha ligando o Centro do Rio a São Gonçalo, evitando que boa parte da população seja poupada do martírio diário dos ônibus para Niterói, conhecidos como “microondas”. Lobbies de empresários de ônibus, comerciantes do Centro de Niterói e de políticos mantém os projetos devidamente engavetados.
O governo da Fusão do Estado do Rio com a Guanabara (1975), havia rascunhado as linhas que hoje ligam a Praça 15 a Ilha do Governador, mas havia outras ligando a Praça Arariboia a Botafogo e a possibilidade de uma conexão de grande distância levando aos bairros mais ao fundo da Baia de Guanabara. Mas a prioridade era Praça 15 – São Gonçalo, com barcas grandes.
Na época, o transporte marítimo era feito pelo STBG, Serviços de Transportes da Baía de Guanabara (considerado um dos mais pontuais do mundo), que pertencia ao governo federal que subsidiava as passagens. Todos os projetos de ampliação de linhas levavam em conta o dinheiro do governo para que as passagens tivessem preços viáveis.
O STBG foi criado depois da revolta das barcas, em maio de 1959, quando passageiros que não suportavam mais os péssimos serviços explorados por uma empresa privada tacaram fogo na estação de Niterói e em outros imóveis. O governo federal fez uma intervenção e criou o STBG que, com alto grau de excelência, foi substituído pela Conerj, Companhia de Navegação do Estado do Rio em 1977, um obeso e incompetente cabide de empregos estadual que acabou privatizado em 1998 e hoje é a CCR Barcas.
Moradores de Paquetá, com razão, estão revoltados, como escreveu Cora Rónai no Globo de quinta-feira:
“(…) Paquetá é uma ilha e, como tal, é cercada de água por todos os lados. A única forma “normal” de chegar ou sair de lá é usando as barcas da CCR Barcas, que já têm horários bastante restritos — mas como nada parece ser suficientemente ruim no momento, isso vai piorar, porque a empresa quer diminuir o número de viagens, e eliminar linhas diretas para o continente, fazendo escalas em Cocotá.
Viagens que hoje duram 50 minutos vão passar a durar cerca de duas horas. Além disso, idas e vindas serão reduzidas à metade nos fins de semana.
Não estamos falando de um pequeno incômodo para os turistas que visitam a ilha, mas da vida de estudantes, de trabalhadores, de doentes que precisam chegar a hospitais. As mudanças de grade vão inviabilizar o seu dia a dia.
É assim que as cidades morrem, um pouco de cada vez.”
*Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro.
P.S. – Por que os anos 80 continuam no auge? Ouça a minha opinião clicando aqui: https://soundcloud.com/user-252235440
So chorando
É facil resolver isso…
Abre o livre mercado para outros investimentos e concorrencia, incluosve com uberboat que tem em varios paises do mundo, e deixa esses caras falirem, simples assim.
Boa