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Coluna do LAM

Associações de moradores perdem força na cidade

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É triste. O que percebemos é que o mais poderoso e eficaz instrumento de defesa da cidade está dando sinais de cansaço, exaustão. As associações, conselhos, grupos de moradores, que foram o motor da cidadania a partir dos anos 1980, parecem dormentes, estagnados, sem ação.

Esse torpor é péssimo para a cidade e ótimo para os maus administradores públicos que deixam de ter em seu encalço as reivindicações, questionamentos, ações dos cidadãos em defesa de bairros, ruas, praças, praias, árvores.

É o caso, por exemplo, de São Francisco e Charitas. Ambos acumulam graves problemas como o crescimento desordenado, problemas de trânsito, grupos de viciados em drogas molestando os moradores. Além da crônica falta de luz provocada por uma rede sucateada, velha, incapaz de atender aos dois bairros.

Bairros que só tinham casas e, de repente, foram invadidos por prédios novos, aumento da população, mais demanda de energia e falta de investimento da multinacional italiana Enel responsável pela distribuição.

No caso de Charitas o que mais preocupa é a crescente baderna urbana. Por exemplo, depois da estação dos catamarãs, grupos resolveram peitar a prefeitura e, na marra, constroem quiosques clandestinos na areia, puxando energia elétrica de gatos ligados aos postes.

Não é preciso ter poderes especiais para ver o que está acontecendo, é só passar por lá nos fins de semana a partir das cinco da tarde e perceber o intenso movimento de preparação para os bailes funk que vão atravessar a noite.

Os clubes clandestinos ficam em frente a favela do Preventório que parece estar avançando mais em direção a São Francisco. É uma percepção de leigos, mas é o que parece estar acontecendo. “Todos os dias eu olho bem para lá e vejo que a favela cresce e decidi provar. Há duas semanas fui tirar umas fotos do morro perto da estação dos catamarãs para fazer comparativos e fui abordado por três homens que além de me proibirem de fotografar, levaram a câmera, o celular e minha carteira”, conta o administrador de empresas Celso R. T morador do bairro há mais de 30 anos. “Agora entendo porque a Guarda Municipal morre de medo deles”, concluiu.

As associações de moradores não podem enfraquecer; é um crime contra elas mesmas e a população. Volto a São Francisco, famoso pela luta contra a especulação imobiliária desde o final dos anos 1970.

Liderados por Cláudio Tarquínio, o saudoso seu Tarquínio, os moradores impediram que fossem erguidos prédios no chamado miolo do bairro, o filé mignon da especulação imobiliária, que ainda resiste. São Francisco foi o primeiro a adotar a coleta seletiva de lixo com um trator da comunidade e hoje exige, com urgência, a substituição da iluminação das ruas internas, feita por lâmpadas velhas, fracas e perigosas.

O enfraquecimento de movimentos como associações de moradores é geral. Em Icaraí, maior e mais populoso bairro da cidade, muitos problemas acontecem e nada é feito pela Associação de Moradores e Amigos do bairro. Há algumas reivindicações para melhorias no Campo de São Bento mas os moradores não são ouvidos pelo poder público. “Há uns dois anos participei de uma reunião dos moradores no Clube Central com gente da prefeitura para tratar do caótico trânsito do bairro. A reunião foi até boa, mas nunca mais houve outra porque falta uma associação forte para cobrar”, diz o bancário Clécio Ouvires.

No Facebook os habitantes da cidade podem (e devem) participar de grupo de moradores. “Salvem as árvores de Niterói” denuncia descalabros como o abate indiscriminado do verde da cidade. Participe aqui: https://bit.ly/2SPmwed . O Movimento S.O.S. São Francisco também se destaca aqui: https://bit.ly/2ET3YpS . O Centro Comunitário de São Francisco está aqui: https://bit.ly/2TxIIxZ . O eficiente Conselho Comunitário da Região Oceânica, o CCRON, está neste link: https://bit.ly/2VGySXX .

Fundamental ir as reuniões para que medidas eficazes sejam tomadas. Bairros como Campo Belo (imediações do Trevo de Itacoatiara) estão sendo açoitados pela Enel, e quando chove as ruas viram represas de água. Essa semana, depois de dezenas de reclamações de moradores pedindo providências, galhos de árvores caíram sobre a rede elétrica (foto) deixando a região horas e mais horas sem energia. Está na hora do Campo Belo se unir, ou se juntar ao CCRON.

O movimento comunitário não pode enfraquecer, por mais que o poder público invista nisso. A resistência é fundamental para a qualidade de vida da cidade.

                                              @@@

@ Alguns vereadores admitem que queimaram a imagem ao aumentarem os próprios salários em mais de 50% na véspera do Carnaval, mas acham que até a eleição do ano que vem o eleitor esquece. Será?

@ Aliás, o PSOL de Niterói emitiu uma nota de repúdio sobre o aumento e considerou um erro o posicionamento de seus vereadores, Paulo Eduardo Gomes e Renatinho do PSOL, que também votaram a favor da elevação dos próprios vencimentos.  

@ Bares da cidade comemoram o faturamento deste verão, o maior em três anos. O forte calor alavancou a venda de bebidas.

@ É revoltante e triste a degradação da avenida Amaral Peixoto, no Centro. Prédios caindo aos pedaços, calçadas cheias de buraco, mendigos, cachorros, quem diria que já foi o principal corredor político do antigo Estado do Rio.

@ Aliás, a falta de consideração com o Centro da cidade é uma das características da prefeitura.

@ O Batalhão de Polícia Rodoviária informou que no Carnaval ocorreram 23 acidentes nas rodovias RJ-106 e RJ-104, com uma morte e 21 feridos.  É bom lembrar que o estado de conservação dessas rodovias é vergonhoso.

@ Feliz Ano Novo!

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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