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Aniversário de Niterói deixa de ser feriado, mas prefeitura gasta com 20 dias de shows

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Doação de sesmaria a Arariboia não significa fundação de Niterói, diz historiador

O aniversário de Niterói, 22 de novembro, não é mais feriado municipal. A data comemorativa, criada em 1953 pelo então prefeito Altivo Linhares, foi retirada do calendário de feriados municipais pelo ex-prefeito Rodrigo Neves, com a sanção da Lei 3.511/20. A justificativa foi reduzir o número de folgas em novembro, atendendo a uma queixa recorrente do comércio lojista. Ainda assim, sobraram três feriados em vigor neste mês: o Dia de Finados (02/11), a Proclamação da República (15/11), ambos federais; e mais o Dia da Consciência Negra (20/11), que é estadual.

Mas como tudo acaba em samba nesta terra de Arariboia, a Prefeitura de Niterói programou 20 dias de shows musicais e exposições por toda a cidade. Para o público, os eventos são gratuitos, mas para os contribuintes, não, já que o município está gastando uma grana preta para festejar o discutível 449° aniversário da cidade. Os shows começaram no dia 11 de novembro e vão até domingo, 27.

Feriado de araque

A data sempre foi “um feriado de araque”, como provava por “a” mais “b” o jornalista e historiador Emmanuel de Macedo Soares. Segundo suas pesquisas, Niterói não foi fundada em 22 de novembro de 1573, como os prefeitos sempre festejaram a data com discursos inauguratórios pela cidade. O município foi instalado em 11 de agosto de 1819. E a doação da sesmaria ao cacique Arariboia ocorreu em 22 de outubro, um mês antes do dia em que se passou a comemorar a suposta fundação de Niterói.

O saudoso colaborador da coluna Emmanuel de Macedo Soares esclarecia assim a balela:

“A data não significa absolutamente nada, nunca significou nada. Dizem que foi o dia em que um cacique tomou posse das terras que os portugueses lhe deram, em 1573. Não foi. O dia foi 22 de outubro, mas copiaram o mês errado, numa época em que se lia e escrevia à luz de velas. E ele nem foi o primeiro a receber terras nesta banda oriental, foi o décimo nono.

Trocaram o nome do rapaz, de Araibóia para Araribóia, sem nenhuma cerimônia e nenhum respeito. Depois disseram que nesse dia foi fundada a cidade de Niterói, invencionice alucinada de um semianalfabeto, sancionada por um prefeito paulista que mal sabia onde ficava o jardim de São João. Por fim surgiu um tipo de ufanismo que proclamava e ainda proclama de boca cheia que Niterói foi a única cidade do Brasil “fundada por um índio”.

Do Brasil, das Américas, do Universo inteiro, incluindo os sistemas ainda não descobertos, porque isso de índio fundar cidade seria uma aberração da própria natureza indígena. Não há cidade sem câmara, sem juizados, sem cartórios, sem polícia, sem matriz, sem eleitores, sem arruamento, sem casas (ou foros, como preferem os juristas), sem povo, enfim. Niterói existe, como urbs, a partir de 11 de agosto de 1819, quando se instala o município”.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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