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A luta de uma educadora muito especial para escola não fechar em Niterói

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Vânia gosta de sentar-se à mesa e conversar com os alunos. Ao fundo, a pedagoga Daniele da Rocha, da equipe de abnegados profissionais da escola

Uma educadora muito especial luta para que a Escola Estadual de Educação Especial Anne Sullivan, em Niterói, não feche as portas no Jardim São João. Isto porque, diz a diretora Vânia Boechat, há mais de cinco anos a escola está impedida pela Secretaria Estadual de Educação de receber novas matrículas.

Com toda a experiência e conhecimento que acumulou, Vânia conta que o seu pior momento é receber uma mãe pedindo vaga para o filho e ser obrigada a dizer não. Conta que, por vezes, chora depois da entrevista por ter um carinho enorme por essas mães e pais.

Ela é professora de educação especial há 50 anos, conhece e sofre com esta realidade. Nascida em Maricá, pedagoga pós-graduada na UFF, começou a trabalhar em 1971. Decidiu fazer cursos de educação de alunos especiais e passou a trabalhar em Saquarema, Maricá e São Gonçalo. Em 1984, Vânia chegou à Anne Sullivan, que fica nos fundos do Colégio Pinto Lima, na Rua São João, Centro de Niterói, onde ela começou como professora e passou a diretora em 1994. Este ano completou 30 anos na função.

Aos 72 anos, sempre com um brilho no olhar, nem sonha com a aposentadoria, que está próxima, pois sente que ainda tem muito a realizar. Só ficaria tranquila em se afastar quando a inclusão social no ensino for interpretada da maneira correta para cumprir seu objetivo maior, que é o de dar acesso aos portadores de deficiências, sobretudo na rede pública.

Lei esquecida

Seu grande sonho é que a Lei 9.394, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, conhecida também como Lei Darcy Ribeiro, aprovada em 20 de dezembro de 1996, volte a ser um sustentáculo das escolas para alunos com necessidades especiais.

A lei tem o nome de Darcy em homenagem ao educador, antropólogo e indigenista que, quando senador, foi um de seus principais formuladores. Até hoje, ela vem sofrendo regulamentações, porém continua prevalecendo o direito de os pais optarem pela matrícula do filho que tem necessidades especiais numa escola normal ou especial.

Nem todos se adaptam à escola dos ditos “alunos normais”, seja por preconceito dos coleguinhas ou ainda pela falta de investimentos na correta preparação dos professores, psicólogos, assistentes sociais e fonoaudiólogos, que deixem o aluno especial à vontade, não sendo tratado como um “diferente”. Sem essa mínima estrutura na escola, mal-recebidos pelas outras crianças e jovens, acabam trancando matrículas.

A Escola Estadual Anne Sullivan, que já chegou a ter 40 turmas, hoje está reduzida a cinco turmas, com um total de 32 alunos, desde que há cinco anos foi proibida de receber novas matrículas. Mesmo abandonada pelo Estado, é equipada com salas apropriadas para o ensino e manejo de informática, robótica e jogos.

Anne Sullivan (1866-1936) nascida nos Estados Unidos, ficou cega aos 5 anos, com tracoma. Após nove cirurgias, recuperou alguns poucos graus de visão, tornou-se professora, criou uma linguagem de sinais e foi a pioneira da educação especial. Sua aluna Helen Keller (1880-1968) continuou e divulgou sua obra. Foi até roteirista do filme “O Milagre de Anne Sullivan”, realizado em 1962, com Anne Bancroft no papel de Anne Sullivan e Patty Duke, como Helen Keller. Felizmente, a pioneira Anne Sullivan e sua continuadora e grande amiga Helen Keller (foram enterradas lado a lado) construíram uma história vitoriosa que não pode ser encerrada em Niterói e em nenhuma parte do mundo com um não a novos alunos.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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