O artigo sobre a falta de respeito da prefeitura com o escritor, jornalista, poeta, Luís Antonio Pimentel, que o desleixo oficial “desomenageou” escrevendo Luís Antonio P. na placa de entrada do túnel, está tendo enorme repercussão.
A síntese da deformação de Niterói foi brilhantemente descrita pela leitora Carmen Limoeiro Patitucci Manangão, cujo comentário faço questão de publicar aqui. Vamos a ele:
“Daqui de Niterói já espero tudo e mais alguma coisa. Além da novidade acima (nota do redator: matéria sobre Luís Antonio P.), de não colocarem o nome todo do homenageado, isto demonstra o quanto nossos políticos conhecem e bem o local onde irão governar, com raríssimas exceções.
Pra começar, a cidade na década de 70 deveria ter sido planejada para tão logo receber o fluxo de moradores provenientes do Rio e adjacências com a abertura da Ponte. Deveria ter feito um planejamento urbano, alargando as ruas, recuo nas calçadas, melhoria no transito, ainda naquela época.
Não, cobravam e este ano cobra com aumento todos os meses, para faturar sem dar retorno algum, o IPTU. Cada dia menos estacionamento e quando paramos, somos obrigados a dar dinheiro ou jogar no ralo, pois os tais “flanelinhas da prefeitura ou da Nitrans” não se responsabilizam por nada e menos ainda tomam conta dos carros ali parados.
A cidade cresceu, tome prédios e mais prédios, as ruas entupidas e agora o túnel, o tão badalado túnel e completando com nome errado. Já não temos um saneamento básico, não fomos preparados para tantos e tantos engarrafamentos e fluxos de carros; rios(?) canais de esgotos abertos e fedendo mesmo em direção a antiga e gostosa praia de Icaraí… e tome prédio, e tome carros, e as ruas do mesmo tamanho de 60 anos atrás.
Hospitais fechando, como dois cardiológicos de ponta e o Santa Cruz, serviço público hospitalar aqui é uma piada; segurança, deixaram construir inúmeras favelas, imigrantes dos morros cariocas… estamos rodeados também de bandidos no asfalto e também nos morros, até então, ocupados só pela população carente da cidade – terminou a nossa liberdade de ir e vir e completando agora, acabo de ler, a farra, o ANALFABETISMO – VIAJEM…Ora, pelo que conheço, VIAGEM é com G e não J…. Essa não!
Da antiga Vila Real da Praia Grande, hospitaleira,… Cidade Sorriso, só me resta dizer que hoje ela é a cidade Só Rindo… de tanta coisa que precisa ser feita e remediada.
Ainda bem que vou me embora daqui…Cansei de ver tanta coisa acontecer, de reclamarmos com a tal Prefeitura e nada resolver, de vermos a Secretaria do Meio Ambiente fazer vista grossa para inúmeras obras em áreas que poderiam ajudar a melhorar o clima da cidade, que muda a cada dia com cada prédio novo.
Cansei de presenciar nas vésperas do dia do Meio Ambiente um flamboyam florido, vermelhinho, tombar em frente a minha janela aqui em Santa Rosa e não valorizarem o pouco do patrimônio histórico que a cidade tinha…Nada… Niterói só tem sua história através de papel, pois ao vivo, nos resta pouquíssimo.
Cidade que era Sorriso, só posso pensar em cidade Só Rindo, com muita pena… e qualidade de vida, já era há muito tempo…”
Nosso descontentamento é genuíno, mas alguns pontos precisam ser esclarecidos: 1) Queremos uma cidade para carros? Queremos investir (muito) dinheiro público para facilitar o fluxo de veículos particulares (vide exemplo mais recente do estacionamento subterrâneo em Charitas)? Ou será melhor uma cidade com ar limpo, com pouco ruído, ruas desobstruídas, onde pessoas de TODAS as idades possam caminhar sem medo de atropelamentos? A quem cabe a iniciativa de não usar carros particulares e optar por outros meios de deslocamento? Só ao prefeito e seus secretários? 2) É inútil atribuir toda a responsabilidade das mazelas da cidade aos políticos. Até onde me consta, a maioria dos servidores das Secretarias de Finanças, de Saúde, de Educação, do Meio-ambiente, e demais, é DE FILHOS DA TERRA; gente que nasceu e/ou cresceu em Niterói, ou seja, GENTE COMO NÓS. O descaso e o desrespeito com a cidade, e com tudo que a ela se refere, é uma marca da nossa tradição cultural como povo. Brasileiros (nós) não sabemos o real significado da palavra RESPEITO. Nossos políticos são retrato fiel de quem somos como povo. Eles não baixam aqui de outros planetas ou de outros países e tomam o poder à força. Eles fazem na administração pública o que TODOS NÓS fazemos no nosso cotidiano. Como diriam os antigos filósofos: quer que as coisas mudem? Comece a mudança por você. O problema é que entre nós, vigora a seguinte ideologia: os outros que precisam mudar e ter respeito; eu vou continuar fazendo o que sempre fiz.
Estou sugerindo que TODOS os niteroienses devam – a partir de hoje – se dirigir ao Ilmo. Sr. Dr. Prefeito de Niterói como RODRIGO N. Talvez ele, marqueteiro que é, comece a perceber como é incômodo ter seu sobrenome abreviado!