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O cacique Arariboia dá um grande filme

Escrito por Luiz Antonio Mello às 09:56 do dia 16 de abril de 2016
Sobre: câmera... Luz
16abr

arariboia-filmeCom certeza o grande cacique Arariboia e sua densa, tensa, riquíssima história, dá um belíssimo longa-metragem para o cinema. Por isso, escrevo esse breve recado a diretores, roteiristas, produtores.

Há anos esse filme roda em minha cabeça. A boca da Baía de Guanabara na época (1565) lotada de golfinhos, botos, baleias, tubarões, estrelas do mar, muita, mas muita luz. Índias e índios aos montes, dezenas de batalhas, a morte a flechada de Estácio de Sá. A narrativa do professor Luiz Carlos Lessa para as travessias que, segundo ele, Arariboia fazia entre Niterói e Rio (Ilha do Governador) onde, com uma borduna, foi cobrar de Mem de Sá, o governador, as “terras vermelhas” – Niterói – que prometeu a Arariboia caso ele vencesse os franceses. E ele venceu, como revela o livro “Arariboia, o Cobra da tempestade”, do professor Luiz Carlos Lessa.

Muita gente sabe, mas há quem tenha o direito de não saber que Arariboia e sua tribo vieram do Espírito Santo para ajudar os portugueses no combate aos franceses. Os franceses tinham do seu lado os também bravos tamoios, que mataram Estácio de Sá com uma flechada na enseada de Botafogo. Alguns historiadores atribuem a uma “flecha perdida” a morte de Estácio e acho que dessa forma ficaria até mais dramática a cena no filme.

Mas em se tratando de coragem, estratégia, Arariboia foi imbatível. O que queria em troca? Conta o professor Lessa que assim que a nau que o trouxe do Espírito Santo entrou na Baía de Guanabara, ele se apaixonou pelas “terras vermelhas da banda de lá”, a nossa Niterói.

Uma dúvida que o grande Emmanuel de Macedo Soares (que escreve aqui na Coluna do Gilson) pode esclarecer. Alguns historiadores dizem que Mem de Sá, governador, teria tentado empurrar o cacique com a barriga na hora de assinar a papelada doando as terras. Arariboia teria pegado sua canoa nas imediações de São Lourenço dos Índios e partido para o Rio algumas vezes a fim de cobrar do português o cumprimento da promessa.  Mem de Sá mandava dizer que não estava, que estava em reunião. Um dia, cansado de ser enrolado, nosso cacique teria dado uma espécie de pé na porta com uma borduna na mão e fez Mem de Sá literalmente se borrar todo. Se borrou e assinou a posse das terras. Emmanuel, isso é fato, boato ou delírio?

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Luiz Antonio Mello
Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.
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