Dois projetos que ajudaram Niterói a fazer a sua maior e mais importante revolução cultural no início dos anos 1990 devem ressuscitar. O que se comenta é que o presidente da Fundação de Arte de Niterói (FAN), Marcos Sabino, pretende reativar a Niterói Discos e a Niterói Livros.
Criada pelo então prefeito Jorge Roberto Silveira em 1990, a gravadora Niterói Discos fez mais de 100 discos para artistas da cidade bancando todo o processo de gravação e produção de discos em vinil e depois em CD. Música clássica, samba, chorinho, blues, rock, corais, todos os gêneros foram contemplados.
Com o disco na mão funcionando como cartão de visitas, ficou muito mais fácil para os artistas buscarem uma grande gravadora, agendar shows, se inserirem no disputado mercado. O primeiro LP (foto) lançado foi o da banda Os Lobos, uma lenda da cidade que imperou nos anos 60.
Já a Niterói Livros começou a registrar a história da cidade, sua gente, seus hábitos. Em um processo semelhante ao da Niterói Discos o autor recebia uma boa quantidade de livros para divulgar a sua obra e entre as publicações destacaram-se “Araribóia, o cobra da tempestade”, romance histórico ambientado no Brasil do século XVI”, do historiador Luiz Carlos Lessa e “Lili Leitão, o Café Paris e a Vida Boêmia de Niterói”, de Lyad de Almeida. Ambos são referências.
Para criar os dois projetos, havia uma exigência: blindagem contra pistolões e nepotismo, aquele tal amigo do amigo do parente que aparecia se dizendo artista ou escritor. Além disso, baixo custo e alta qualidade das produções. Niterói Discos e Niterói Livros mantinham conselhos curadores não remunerados e totalmente isentos que avaliavam e diziam quem realmente merecia ganhar discos ou livros.
Esses dois projetos ajudaram a projetar Niterói nacionalmente, viraram exemplos para diversas cidades. Aliás, aquele início dos anos 90 foram especiais; o Museu de arte Contemporânea, o MAC, começava a ser construído (foi inaugurado pelo então prefeito João Sampaio em 1996), o Teatro Municipal estava sendo restaurado (reinaugurado em 1994), o Solar do Jambeiro começou a ser restaurado em 1997.
Em 1991 o Encontro com Cuba trouxe dezenas de artistas à cidade e, impressionante, foi exibido para um ginásio do Caio Martins superlotado (foram duas sessões) o épico “Napoleon”, de Abel Gance. O filme de quase 5 horas e meia de duração é de 1927 e foi restaurado por Francis Ford Coppola. Como é mudo, a Orquestra Sinfônica da UFF se apresentou ao longo da exibição que, em vários momentos, levou a plateia a loucura. O regente foi Paul Bogaev, lendário regente na Broadway.
O começo do fiasco foi em 2002, com a estreia do PT e seu comissariado na prefeitura que logo incharam a máquina. Com o tempo, Niterói Discos e Niterói Livros foram se desintegrando e sumiram. A provável volta dos projetos, mantida a filosofia inicial, é uma boa notícia para a cidade. O presidente da FAN conhece bem a N.D. e N.L. sabe de sua importância para a divulgação da cultura e história da cidade e da necessidade de projetos baratos e eficientes.
Excelente notícia
O projeto hodiernamente seria muito mais barato, tendo em vista as atualizações tecnológicas baratearam muito as produções fonográficas. Não há mais sentido a produção de CD, desta forma, bastaria a gravação em formato digital, não prescisanso fazer duplicação (1000 CDs) bem como , arte gráficas, fotografias, etc. Ficando acessível e barato para dar continuidade ao projeto, bastando atualizações.
Sempre culpa do PT… Para usar uma metáfora relacionada à postagem, VIRA O DISCO!