Há dias, alegando razões pessoais, o agora ex-Secretário da Polícia Civil, Marcus Vinícius Braga, pediu demissão. Em seu lugar assumiu Flávio Britto, que trocou titulares e equipes de 80 delegacias no Estado do Rio.
Nessa dança de cadeiras, a delegada da 77a. DP (Icaraí), Raíssa Celles, saiu para assumir a direção do 4º Departamento de Polícia de Área (DPA). Em seu lugar entrou a delegada Rosa Carvalho dos Santos, que antes estava à frente da Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) de Belford Roxo.
Mexeram em time que estava ganhando. Afinal, a delegada Raíssa assumiu o comando policial do maior bairro de Niterói (quase 76 mil habitantes) que é complexo, confuso, e até um ano atrás era “governado” pela bandidagem.
Em dois anos de atuação, ela planejou e liderou operações que prenderam líderes do narcotráfico, entre eles integrantes do ‘Bonde do Fuzil’, quadrilha fortemente armada que durante meses invadiu bares e restaurantes. Uma média de 60 assaltos por mês.
Com inteligência e discrição, a delegada Raíssa desarticulou organizações criminosas e pôs na cadeia chefes de quadrilhas que escolheram Icaraí como “área de atuação”, aterrorizando a população.
Um dos maiores traficantes de armas do país foi preso em abril deste ano, em Icaraí. Alexandre Alex dos Santos, conhecido como Magrão, especialista em tráfico de armas pesadas, “prestava serviço” para várias lideranças do crime em Niterói.
Quem viu não esquece da clássica cena de um sicário que, com um fuzil na mão, parou o trânsito da rua presidente Backer, as 11 horas da manhã de um dia de semana, para que seus comparsas assaltassem os carros com mais tranquilidade. Na saída, deu uma coronhada em uma senhora de 85 anos que teve a “ousadia” de pedir socorro na calçada.
Essa Icaraí desumana, desigual, confusa, é resultado, entre outras causas, do entra e sai de milhares de pessoas de outras cidades e bairros. Icaraí é rodeada de três grandes favelas: Cavalão, Estado e Palácio, é ainda o maior polo de comércio e serviços da cidade, bairro que atrai milhares de pessoas de cidades vizinhas.
A partir da década de 1970, com a inauguração da ponte, Icaraí foi desfigurada pela especulação imobiliária da época que, com a cumplicidade do poder público, rapidamente demoliu o bairro. Ergueram aquelas montanhas de concreto na Praia, Moreira Cesar, Tavares de Macedo, e assim foi avançando, com um trator.
Prédios enormes, até de 20 andares, um colado no outro. Não passa vento, não entra sol, e ninguém mais sabe quem é quem no bairro que já foi o mais querido de Niterói. Hoje, o seu vizinho pode ser um terrorista, um traficante, um pedófilo.
Essa massa socioeconômica disforme e descaracterizada é o maior desafio do titular da 77 D.P., que tem que conhecer muito bem o terreno irregular onde pisa. Com competência, a delegada Raíssa decifrou os códigos sociais do bairro, foi na origem das ações criminosas, prendeu importantes lideranças e trouxe tranquilidade. Para reforçar, o programa Segurança Presente, do governo do estado, chegou a cidade e fez uma faxina*.
De acordo com o censo de 2010, Icaraí tinha 75.715 habitantes, sendo o bairro mais populoso de Niterói, sendo 44.490 (57.09% do total) mulheres e 33.775 (42.91% do total) homens. É o bairro que concentra o maior número de idosos, 20% da população, 15.192.
Manter a tranquilidade em Icaraí será o grande desafio da nova titular da 77ª. DP, delegada Rosa Carvalho dos Santos, que servia na DEAM de Belford Roxo, na violenta Baixada Fluminense. Faz sentido. Icaraí não é para principiantes**.
Sobre o governador, como se sabe, quarta-feira, 69 deputados da Assembleia Legislativa do Estado do Rio — com exceção de um que não compareceu à sessão virtual —votaram, em plenário, pela abertura de um processo de impeachment contra Wilson Witzel. Ou seja, 69 a zero.
Vaidoso, arrogante, afogado na soberba, o Pavão Misterioso (como é conhecido nos corredores) está todo enrolado em suspeitas de corrupção em plena pandemia o que envergonha o Estado do Rio.
Se não renunciar, é quase certo que Witzel seja defenestrado. Em tese, assumiria o vice, Cláudio Castro, que é cantor e político, mas nos bastidores trabalha-se para que a chapa seja ejetada. Ou seja, o vice também sairia.
*Com o provável expurgo de Witzel como ficaria o programa Segurança Presente?
**Icaraí – como o Ingá, Santa Rosa, São Francisco -, não suporta mais a barulheira das motos, maioria de delivery. Rodam sem silencioso ou com escapamento “esportivo”, enlouquecendo os habitantes. A prefeitura diz que o problema é da PM, a PM diz que é da prefeitura. Em Teresópolis, por exemplo, PM e prefeitura se uniram, fizeram blitzes e acabaram com os meliantes que pagaram multa de R$ 195,23, ganharam cinco pontos na carteira e tiveram a moto retida até que a situação fosse regularizada.
É preciso um basta urgente nessa situação das motos!!! Elas rodam até altas horas da noite frenética, barulhentas e seus condutores agressivos e mal educados!!!
Se hoje o seu vizinho é um potencial tudo isso que você mencionou, antes podia (e ainda pode) ser um agressor de mulheres, um abusador (em vários sentidos) e explorador de empregadas domésticas, especialmente das mais novinhas, um porco racista, um sonegador de impostos, um empresário ganancioso e desonesto, um machista hipócrita que se gabava de ser seguidor dos valores cristãos, mas deixava a mulher em casa cuidado dos afazeres domésticos enquanto ia se divertir com as prostitutas da cidade, além de outras pilantragens para as quais até hoje fechamos os olhos. A propósito, não tenho nada contra a prostituição nem contra a liberdade sexual, mas tenho tudo contra a hipocrisia. Já que você mencionou a pedofilia, é muito mais provável que uma criança sofra abuso sexual de um padre ou de um pastor, de um padrasto, de um tio, de um avô, do que de um vizinho, e os relatos do passado e do presente são reveladores disso.
Sobre os “audaciosos chefes de gangues que ostentam suas armas amedrontando a pobre população indefesa”, vale perguntar como essas armas chegam nas mãos desses indivíduos. O monopólio da produção, comércio e uso de armas de fogo no Brasil é das forças armadas e policiais. Essas instituições é que têm autorização para requerer a fabricação ou importação de armamentos, além de acompanhar e controlar toda a movimentação das armas dentro do território nacional. Se parte desse armamento chega até os traficantes, é porque foi desviada de seu trajeto original. Será que esse desvio acontece sem o conhecimento e contra a vontade das chamadas “autoridades”? Ou será que o tráfico de armas é um negócio altamente lucrativo que conta com a participação ativa e fundamental de gente da cúpula? Alguém é inocente em acreditar que os bandidos malvados roubam e fazem contrabando de armas e a polícia e os militares, coitadinhos, são indefesos e nada podem fazer?
Novamente, insistimos em atacar apenas alguns tipos de crimes, e fazer vistas grossas para outros, muito piores até. Vai levar muito tempo até desenvolvermos algum senso crítico.
Qual o problema de entra e sai de moradores de outros bairros em Icaraí , por acaso o baiŕo é condominio fechado? E se tem moradores de outros bairros melhor para a economia.
Gilson vi que no rodapé você colocou um comentário sobre as motos, não só o barulho dos escapamentos incomodam mas a falta de educação dos motoqueiros principalmente aqueles que realizam entregas, entram na contramão, andam em calçadas, não respeitam um sinal enfim um caos, e não vemos a Nittrans atuando, e não só para coibir isso listado acima mas também os carros, se andarmos principalmente por Icaraí vemos muitos carros parados em lugares proíbidos como esquinas, em frente a rampas de deficiente, carros em cima de calçadas atrapalhando fluxo de pedestres, o trânsito da cidade está uma verdadeira desordem, cada um faz o que quer, volto a frisar que não vemos a Nittrans atuando!
Cuidado com as críticas, pois os adoradores dos carrinhos vão alegar que têm direito de ir e vir, e têm mérito para usar seus preciosos bens motorizados e reluzentes, comprados por esses cidadãos de bem com o suor do seu trabalho abençoado pelo seu deus que premia com dinheiro quem se entrega ao trabalho exaustivo sem reclamar, blá, blá, blá, blá…