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Revolta e dor no enterro de aposentada

Escrito por Gilson Monteiro às 17:33 do dia 20 de setembro de 2017
Sobre: Terror em Icaraí
20set

Num ambiente de muita tristeza e revolta pelo assassinato de Maria Alcina Gil, de 66 anos, morta a facadas durante uma tentativa de assalto em Icaraí, parentes e amigos reclamaram durante seu sepultamento no Parque da Colina, na tarde desta quarta-feira (20/09), providências urgentes das autoridades para a punição do crime e para evitar que novas tragédias como essa aconteçam.

Um primo da aposentada, Jodé Curi Filho, discursou para o grande número de parentes e amigos que acompanhavam o sepultamento criticando o “descaso das autoridades, preocupadas com aparências, showmícios lamentáveis e patéticos, para desfilar com bicicletas, que, por ironia do destino, foram o veículo daqueles que tiraram a vida de minha prima, uma vida ceifada por vermes que pedalam caçando  possíveis vítimas”.

Jodé concluiu o desabafo cobrando que o prefeito Rodrigo Neves “venha a público não para pedalar nas maratonas, mas para nos convencer dos seus efetivos projetos de segurança pública”.

Maria Alcina acabara de se aposentar como analista de sistema do Tribunal de Justiça do Estado do Rio. O marido, engenheiro Elivaldo Bragança Gil, depois de ocupar vários cargos de chefia na Cedae, também resolveu pedir sua aposentadoria para o casal poder ficar mais tempo junto. Ele é sobrinho e afilhado do ex-prefeito Waldenir de Bragança, que estava muito emocionado no velório e no sepultamento.

No início da tarde de ontem (19/09) a mulher voltava para casa andando pela Alameda Carolina, em Icaraí, quando dois bandidos surgiram por trás pedalando bicicletas. Um deles tentou roubar a bolsa dela, que gritou e correu, mas acabou morta com uma facada nas costas. No início da noite, policiais militares encontraram os suspeitos no Sketpark, em São Francisco, e um deles confessou o crime na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo.

O discurso do primo Jodé Curi Filho, no momento em que o caixão descia a sepultura, recebeu os aplausos das pessoas comovidas com a perda brutal de Maria Alcina. Disse o familiar enlutado:

“Nada sabemos, mas de forma obstinada queremos o domínio total sobre as coisas.  Hoje  minha família foi apunhalada pelos lobos famintos, doentes e que não conheceram em suas vidas, embora jovens, o que significa a perda de um ente querido, nesta banalização que anda nos tirando o sono e devastando os corações de tantas famílias.  Nos tiraram um SER HUMANO DO BEM, que era o pilar do seu marido, filhos e netos. Uma dor infinda e indelével.  Olhar nos olhos de meu amado primo e vê-lo sem norte, diante dessa perda que não temos como mensurar.  Arrancaram essa linda mulher e alma de nossa convivência de forma estúpida e abrupta. Um misto de revolta, dor, indignação, medo, falta de perspectivas por dias melhores, porque faz tempo que estamos à deriva.  Uma cidade que já não é sorriso. Cada vez, com intervalos menores, entre tantos episódios de violências e mortes. Roubando paz, sonhos e desejo de viver numa cidade, que hoje apenas encorpa estatísticas de vítimas do descaso das autoridades, preocupadas com aparências, showmícios lamentáveis e patéticos, para desfilar com bicicletas, que, por ironia do destino, foram o veículo daqueles que tiraram a vida de minha  prima, uma vida ceifada por vermes que pedalam caçando  possíveis vítimas. Venha a público, senhor prefeito, não para pedalar nas maratonas, mas para nos convencer dos seus efetivos projetos de segurança pública”.

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Gilson Monteiro
Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.
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11 thoughts on “Revolta e dor no enterro de aposentada

  1. Eu não entendo, mas vejo. As nossas comunidades são bem menores das que as do Rio(Rocinha ou morro do alemão). Porque as autoridades não fecham todas as saídas desses morros e vão subindo até até chegar nos cumes . “Limpando” essas escórias que estão pestiando nossa população.

  2. Dor que não se mede. A cada dia uma espada na cabeça. Ate quando a bandidagem vai dominar nossa liberdade? Isso tem que ter um fim rapido antes que estejamos todos presos em nossas casas, com medo de sermos mortos, para que eles circulem livres pela cidade para saquear o que ainda resta de comércio nos bairros.

  3. Infelizmente somos impotentes diante dessa situação,se não houver Boa vontade do prefeito e demais políticos , estaremos entregues a essa corja, sem dó e piedade ! São vermes… qta frieza!!! Estamos solidários com a sua dor Família Gil!

  4. Estamos entregues à própria sorte, ngm se importa, daqui a uma semana já não se fala mais nisso. Outros casos virão. Precisamos reagir com veemência. Ir pras ruas, mostrar nossa indignação. Precisamos pressionar para que haja mudanças radicais no Código Penal.

  5. Muito abalada!! Meu Deus que absurdo!! Pode ser com qualquer um de nós , a qualquer momento. Solidária na for da família, que representa a dor de todos nós, pessoas de bem. ???

    1. A banalização da vida está deixando mais e mais famílias enlutadas e órfãos! Onde iremos parar? Sendo escudo p/balas perdidas? Sendo esfaqueada pelas costas? Que Deus dê forças aos familiares e amigos dessa vítima!

  6. O Sr. primo da falecida externou de forma clara o sentimento da população de Niterói. É constrangedor ver a inércia das autoridades de Niterói, permitindo que os Niteroiense vivam reféns da bandidagem. Lamentável!

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