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Região Oceânica protesta contra obras malfeitas pela prefeitura de Niterói

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Moradores saem em passeata cobrando melhorias para Região Oceânica de Niterói
Moradores dizem não ser contra ciclistas, mas contrários à ciclovia malfeita

Trânsito caótico, poluição das lagoas, iluminação pública deficiente e ruas intransitáveis sempre que chove são os problemas que levaram centenas de moradores da Região Oceânica de Niterói a saírem em passeata neste domingo (23/01). Reclamam que o trânsito piorou muito nos últimos meses com a construção de uma ciclovia na Avenida Almirante Tamandaré, em Piratininga, que reduziu para apenas uma faixa de veículos o trecho entre os trevos de Camboinhas e de Piratininga. (Veja o vídeo)

Apesar de a milionária obra da Transoceânica ter sido realizada pelo ex-prefeito Rodrigo Neves para dar mobilidade urbana à Região Oceânica, a via expressa acabou afunilando ainda mais o trânsito em pistas divididas com ciclovias. O corredor expresso do BRT passa a maior parte do tempo vazio porque são poucos ônibus circulando por ele.

– Não somos contra o ciclista, mas contra a ciclovia que está causando grande congestionamento. Queremos melhorias para nossa região, e não estragos como os que a prefeitura está fazendo. Não somos ouvidos nas audiências públicas, então vamos ser ouvidos nas ruas. Não queremos nossas lagoas como um sanitário a céu aberto. Vemos avançando projetos da prefeitura sem sermos ouvidos, e o resultado são obras que estão trazendo um verdadeiro caos para a vida dos moradores e comerciantes – diz Aline Araújo, uma das fundadoras do grupo de whatsapp Camboinhas Melhorias.

Para Alexis Japiassu, também morador da Região Oceânica e presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Niterói (Sindleste-RJ), a falta de planejamento urbanístico e viário nos últimos dez anos vem afetando fortemente a geração de empreendimentos e empregos na região.

– Estamos enfrentando um esvaziamento, pois muitos desistem da região por conta do trânsito caótico. As pousadas estão sentindo muito devido ao engarrafamento no horário de retorno no domingo e os restaurantes e bares em Piratininga e Itaipu estão perdendo faturamento. Tudo isso reflexo de problemas gerados por obras definidas sem consulta à sociedade, como a cliclofaixa que tem trechos à beira da lagoa onde não passam duas bicicletas juntas; e as vias de acesso ao Cafubá, que põem em risco a vida dos motociclistas que já são mais de 30% da frota de veículos. Falta a discussão democrática com representantes das comunidades e categorias. Nossa instituição mesmo nunca foi chamada pela Prefeitura – lamenta Alexis Japiassu.

Obra milionária não resolve mobilidade

Em setembro, o prefeito Axel Grael disse que faria uma licitação para a compra de 50 ônibus elétricos para renovação da frota do transporte urbano. Os veículos seriam entregues em regime de comodato aos dois consórcios de ônibus que rodam no município. Antes de o ex-prefeito Rodrigo Neves ser preso em dezembro de 2018, pela Operação Alameda, que investigava pagamento pelas empresas de ônibus de R$ 10,9 milhões em propinas ao chefe do Executivo, a prefeitura já havia aberto uma licitação para a compra de ônibus elétricos.

Essa concorrência pública foi cancelada pelo então presidente da Câmara de Vereadores, Paulo Bagueira (atual vice-prefeito), quando substitui Rodrigo no Executivo, em janeiro de 2019. O preço total estimado dessa compra era de R$ 51.960.000. Enquanto um ônibus convencional custa cerca de R$ 700 mil, um ônibus elétrico sai por R$ 2 milhões.

Apesar de o município haver gastado mais de R$ 420 milhões com a chamada Transoceânica, e estar gastando muito mais R$ 60 milhões com o projeto Orla de Piratininga, moradores sofrem com o caos no trânsito da Região Oceânica.

–  Moro em Camboinhas há 20 anos e a situação do trânsito só piora. Num domingo de sol, para ir ao mercado que fica a um quilômetro levamos quase uma hora engarrafados para retornar a Camboinhas, num percurso que fazemos em cinco minutos. O pior é para sair do bairro no fim do dia. E se alguém passar mal e tiver urgência de socorro só de helicóptero – reclama o engenheiro João Almeida, que mora no Condomínio Ubá Camboinhas há 19 anos.

Moradores alegam que a questão do trânsito piorou muito nos últimos meses com a construção da ciclovia Tamandaré, na Avenida Almirante Tamandaré, que reduziu para apenas uma faixa de veículos o trecho entre os trevos de Camboinhas e Piratininga.

– Essa obra é o maior absurdo. Até porque já existe uma ciclovia às margens da lagoa de Piratininga, onde a Prefeitura está fazendo o projeto orla, dentro de um projeto ainda maior de obras na região. Não dá para entender duas ciclovias, uma delas prejudicando ainda mais o trânsito. Além disso, de que adianta esse projeto orla às margens da lagoa com esgoto a céu aberto, com mortandade de peixes com frequência? Para funcionar tinha que começar pela recuperação das lagoas, que foi até alguns anos o sustento de muitas famílias, como a minha – reclama Luís Mendonça, o Luiz Pescador, que aprendeu o ofício aos 7 anos com o pai, mora na região desde que nasceu, há 53 anos, e hoje precisa de biscate para completar a renda da pesca.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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