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Coluna do LAM

O colapso da ordem pública em Niterói

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“Se pudesse decidir se devemos ter um governo sem jornais ou jornais sem governo, eu não vacilaria um instante em preferir o último.” Thomas Jefferson – presidente dos EUA entre 1801 e 1809.

Foi assim. No final da tarde de segunda-feira três pessoas com carregamentos chegaram a rua Pereira da Silva, quase esquina com Tavares de Macedo, em Icaraí, em frente a Drogaria Pacheco. Calmamente começaram a montar um botequim no meio da calçada, na frente de todo mundo, uma estrutura gigante que lembra os quiosques-lambança da praia de Icaraí.

Aos moradores revoltados, que pagam um dos mais caros IPTUs do país, eles diziam que tinham uma tal “autorização verbal (?)” da prefeitura e inauguraram estabelecimento para horror de muitos, inclusive de duas funcionárias do Ministério Público que, discretamente, fotografavam e colhiam informações.

Um acinte, um tapa na cara dos contribuintes já esfaqueados por impostos, taxas, tributos que sustentam uma gigantesca guarda municipal com quase 600 pessoas, fora chefias, coordenações, aspones. O container de cabides de empregos da prefeitura é gigantesco. Entre secretarias, empresas, institutos, coordenadorias, núcleos, programas, são 60 instituições. Isso mesmo, 60 cabides de emprego que, em tese, garantem afagos políticos, maioria na Câmara dos Vereadores, o popular bundalelê.

Claro que tem gente que rala muito na prefeitura, mas na maioria desses 60 poleiros o ambiente é de colmeia, metade voa outra metade faz cera. Por exemplo, o que faz a milionária Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos com a cidade tomada de miseráveis? E a Coordenadoria Especial de Direitos dos Animais, a Programa Niterói de Bicicleta, a Coordenadoria da Juventude? Visite o cabideiro acessando https://bit.ly/2Hs6Q0f

O botequim aberto na calçada da Pereira da Silva junta-se ao exemplo de um bar que, há tempos, resolveu tomar para si a calçada (pouco mais larga que o meio fio) na esquina de Gavião Peixoto com Pereira da Silva, onde os pedestres tem que andar pela rua, cheia de ônibus. O bar bota mesinhas altas na calçada ode seus fregueses bebem e comem petiscos sem serem incomodados. O povo? Dane-se.

Ano que vem tem eleição para prefeito e vereador e o que leio a respeito nas redes sociais está cheio de fúria e indignação. Vai ganhar aquele que conseguir conter a destruição de Niterói.

Um giro por Icaraí, o bairro mais rico, populoso, maior reduto eleitoral da cidade, amostra a essência do colapso na ordem pública. Os flanelinhas venceram e se tornaram donos das ruas. Vindos de outras cidades, especialmente Baixada Fluminense se apossaram de tudo graças a omissão da prefeitura e de sua desprezível Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, comandada pelo PT. Eles alugam espaço público, reservam vagas “pré pagas” para “clientes preferenciais”, fazem o que bem entendem.

Os guardas municipais, mais raros do que mico leão dourado na rua da Conceição, quando aparecem fazem olhar de paisagem. Alegam que a sua missão é cuidar do patrimônio, tomar conta de hidrante, conter fuga de estátuas, monitorar desabamento de poste. Sempre pensei que o ser humano é o mais valioso patrimônio público, mas aqui não é.

Se em Icaraí, maior bairro gerador de impostos, considerado picanha eleitoral, a situação está assim, imaginem em São Francisco, Santa Rosa, Ingá, Fonseca, Barreto, e na “roça”, apelido (no mau sentido) da Região Oceânica onde tudo falta: luz, esgoto, asfalto, política ambiental, respeito. A R.O. coleciona absurdos como a existência de um “hospital”, Mário Monteiro, em cuja emergência não há cardiologista. Na “roça” a luz é a primeira a faltar e, com qualquer chuvinha, a internet a primeira a cair, os telefones ficam mudos, as ruas viram canais. Tudo com um adendo: o avanço do tráfico, violência, e construções irregulares em favelas como da Ciclovia, Jacaré e muitas outras que aos poucos estão sitiando a região.

O Centro da cidade e a avenida Amaral Peixoto (que vergonha!) merecem matérias a parte, que farei.

Esta semana postei uma enquete na minha página do Facebook. Vamos a ela:

“O que se comenta é que esses são os nomes que podem ser os candidatos do prefeito Rodrigo Neves:

– Giovanna Victer, secretária de fazenda.

– Paulo Bagueira, secretário executivo do prefeito.

– Axel Grael, secretário de planejamento e orçamento.

Na sua opinião o candidato do prefeito:

– vai ganhar a eleição.

– não tem a menor chance de vencer.

Dezenas de pessoas responderam que não há chance deles serem eleitos. Exemplos (omiti os nomes, mas a enquete está lá https://bit.ly/2POvLfb  

– Vão tomar uma surra nas urnas.

– Já chega desta gestão aí… não tenho mais expectativa alguma!

– Quem esse bosta apoiar eu voto contrário.

– Nem pensar em votar sujo.

–  Nos corredores da política, dizem que a preferência do Prefeito é a Giovanna Victer.

– Não conheço, nem eu nem o povão. Soube que é uma excelente técnica, mas não política.. mas, quem sabe. O povo hoje não aceita votar por indicação, quer conhecer, saber o que fez, o que fará…

– Não tem a menor chance.

– Conte Bittencourt não está como secretário de governo à toa, candidatíssimo a prefeito, com certeza fez acordo com o Rodrigo ao assumir o cargo e o Rodrigo o apoiará!

– Se os votos forem FACULTADOS com SERIEDADE, SEM CHANCES. E se COMPRAREM os votos, ganha quem tiver mais GRANA! FATO. Sem mais.

– Até a conge (como diz Moro) do atual prefeito é sugerida como candidata, enquanto tem gente confundindo Denise com Dayse. Numa hora dessas, queria não ser Ateu, para pedir a Deus que proteja os brasileiros.

– Socorro, NENHUM !

– Acho que a onda conservadora ainda não atingiu seu ápice, e independente do candidato escolhido pelo Never, a derrota é certa…

– Espero que não. Senão, o processo de destruição da cidade vai continuar. Visões completamente ultrapassadas de ocupação do solo e de urbanismo.

                                          ###

#  O Trade Center é um shopping tradicional em Icaraí, mas vacila, como vacila. O sinal do celular não pega nos corredores das lojas, os elevadores mal projetados não suportam a quantidade de pessoas e na calçada é o único da cidade que não possui bicicletário. O problema do elevador dá para resolver porque o Shopping Icaraí solucionou, agora economizar com sinal de celular (mesmo 3G e 4G) é uma tolice que só afasta clientes que gostam de fazer um lanche, tomar um café, conectados à internet. E quanto ao bicicletário diz a lenda que é só pedir a prefeitura que ela coloca, de graça.

# Lançada terça-feira uma nova rádio, em Niterói. Transmitindo do Engenho do Mato para todo o planeta a Brotherock, que pertence ao especialista em rock (especialmente anos 50 e 60), colecionador e pesquisador André Borges. Para ouvir é só clicar aqui: http://www.brotherock.com/

# Luis Antonio Sabino, o “comandante” Neno, está fazendo passeios de barco pelos mais belos pontos da Baia de Guanabara e também em alto mar. Experiente, os telefones dele para agendamento é (21)99882-8075 e (21)97964-8075.

# Por enquanto não está nos planos das empresas que fazem compartilhamentos de bicicletas elétricas e patinetes atuar em Niterói.

# Wilson Witzel, governador, ignora Niterói. Declaradamente.

# Impressionante o desprezo da Enel com os consumidores de Niterói. Mais impressionante ainda é a prefeitura não interceder pela cidade, chamar a Enel as falas, apesar do assunto ser de competência federal.

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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