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Morte de comerciante atemoriza moradores da tranquila Ponta D’Areia

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Costumo dizer que desembarquei na Ponta D’Areia, num Ita do Norte vindo de Recife, com meus pais e meus avós. Tinha dois anos de idade quando fui morar na Vila Pereira Carneiro construída pelo conde que lhe empresta o nome. O casario havia sido erguido para moradia dos empregados do Estaleiro Mauá, que o Conde Pereira Carneiro havia comprado do empresário Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. O conde fez condessa a niteroiense Maurina Dunches, com quem se casou e passou a morar num castelo que ali permanece erguido no alto do morro que tem o estaleiro em sua fralda. Também foi proprietário do Jornal do Brasil, de saudosa memória.

Na semana, passada, quando soube que a próxima novela da TV Globo vai ser ambientada no Morro da Penha, na Ponta D’Areia, resolvi voltar às minhas origens de infância e juventude, subindo sozinho de carro até a caixa d’água que fica no ponto alto do bairro tranquilo, onde o comerciante Marcelo da Conceição foi barbaramente assassinado na madrugada desta quarta-feira. Pouco antes de ser morto, ele defendia o bairro, dizendo que ali havia tranquilidade para se viver.

Quando estive em seu restaurante, há dez dias, encontrei-o almoçando com a mulher e duas empregadas e ele convidou-me para comer um delicioso prato feito, com carré, feijão, arroz, aipim frito, tudo simples e gostoso.

No sábado passado, resolvi voltar ao Decolores na companhia de Osmar Buzin, do Noi. Passamos a tarde comendo sardinhas, pastéis de siri e de camarão, além do seu bolinho de bacalhau, quando ele manifestou o desejo de poder oferecer o chope do Noi em seu bar e restaurante.

Desde a minha infância, quando estudei nos colégios Raul Vidal e Plínio Leite; frequentei a praia da Vitamina e o clube Fluminense de Natação e Regatas, esse bairro próximo do Centro de Niterói já se destacava como uma ponta de tranquilidade, com sua gente humilde e trabalhadora, seus morros sem vícios e sem drogas, enfim um lugar prazeroso para se morar.

Espero que apesar dessa tragédia violenta, com a perda de uma figura querida e conhecida, o bairro continue a ser o mesmo, onde a paz reine em suas ruas como sempre foi.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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