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Com bancas fechadas, jornaleiro lembra seus 70 anos distribuindo informação

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Com bancas fechadas, jornaleiro lembra seus 70 anos distribuindo informação. Pela primeira vez em setenta anos de trabalho como jornaleiro e distribuidor de jornais, Pietro Polizo, 88 anos, vê hoje os periódicos não chegarem às bancas. Estão fechadas por decisão das autoridades, como prevenção à pandemia do coronavírus.

Pietro Polizo começou vendendo jornais de casa em casa e em pontos de bonde, até conseguir uma banca no Ponto de Cem Reis, no Fonseca.

Ele desembarcou no Rio com 18 anos, vindo de Paula, cidade da Calábria (Itália), para trabalhar como jornaleiro, uma atividade que no passado, requeria muito esforço e sacrifício, lembra ele ainda mantendo o sotaque italiano.

– Atravessávamos de barca, tarde da noite, com tempo bom ou de chuva, para apanhar os exemplares nas oficinas de cada jornal no Rio. Eram muitos e em lugares diferentes. Também havia as revistas. Carregávamos os fardos nos ombros levando-os direto para as bancas de Niterói – conta Pietro.

Com a inauguração da Ponte Costa e Silva, o trabalho dos jornaleiros ficou menos pesado. As empresas jornalísticas entregavam os exemplares nos pontos de distribuição em Niterói. Os jornais vinham de Kombi ou caminhão, que também recolhiam o encalhe do dia anterior.

Antigamente, o jornaleiro era mais valorizado. Para se ter uma ideia, o jornalista Roberto Marinho atravessou muitas vezes a baía de Guanabara para almoçar com os chefes de capatazia, pedindo para que pendurassem diariamente O Globo nas bancas.

Depois, houve um esvaziamento da categoria, com o lançamento de assinaturas domiciliares. Como já era esperado, as vendas nas bancas caíram.

De tempos para cá, houve o crescimento espantoso de edições online, sem que houvesse uma tentativa de reação das empresas jornalísticas para evitar a queda na venda da edição impressa.

Hoje, Polizzo, que continua trabalhando e se orgulha de continuar levando a informação às pessoas, comanda 200 bancas de jornais e revistas, sendo 45 em Niterói, algumas em São Gonçalo, e outras mais em Maricá, Itaboraí e na Região dos Lagos, até Búzios.

– Houve uma queda vertiginosa. Chegamos a vender cerca de 40 mil exemplares. Agora O Globo, O Extra e O Dia, juntos, representam pouco mais de 6 mil exemplares vendidos nas minhas 200 bancas – contabiliza Polizo.

Seu hobby, para não esquecer as origens italianas, é a criação de cabritos, que o cercam quando chega no fim de semana em seu sítio em Rio do Ouro.

Diz sentir até hoje, o cheirinho da tinta do jornal impregnado no nariz e na alma e reza para que São Francisco de Paula, padroeiro dos jornaleiros, proteja o povo brasileiro e volte logo com os jornais às bancas.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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