Cadê o busto do Casimiro de Abreu que estava na Praça César Tinoco, no Ingá, Niterói? Ninguém sabe, ninguém viu. Há pelo menos cinco anos, o monumento em homenagem ao poeta mais popular do Romantismo brasileiro, vinha sendo furtado. Primeiro, levaram os ornamentos em bronze que envolviam o pedestal de granito, depois as letras da placa e, por fim, o busto inteiro desapareceu.
Casimiro de Abreu, conhecido como o Poeta da Infância, falecido em 1860, aos 21 anos, em 1914 foi homenageado em Niterói com a inauguração de um busto na praça do Ingá. Até 2016, a peça de bronze ainda estava lá, meio maltratada, como mostrou na época o jornal O Globo. Em 2019, a praça foi fechada e virou canteiro de obras. E agora ninguém sabe o que aconteceu com o Casimiro dos versos “Oh! que saudades que eu tenho//Da aurora da minha vida,//Da minha infância querida//Que os anos não trazem mais!”
Está virando uma triste rotina para a memória niteroiense o sumiço de estátuas e outros objetos. O busto de Feliciano Sodré, que ficava na Praça Renascença, em frente à antiga estação de trem, desapareceu. E até hoje a prefeitura não sabe explicar que fim levou o relógio Rolex que ficava em um pedestal na Praça Martim Afonso mostrando a hora certa a quem chegava de barca a Niterói ou ia para o Rio.
O prefeito Axel Grael está anunciando que a Guarda Municipal terá um efetivo de mil homens. A ampliação do contingente parece não ter a ver com a função da guarda, que é zelar pelo patrimônio público. O caso é que, para manter a disputa política com o governador Cláudio Castro pela segurança de Niterói, o aumento do número de guardas acaba parecendo marquetagem eleitoral.
O guarda municipal não tem poder de polícia. No programa Niterói Presente, ao lado de PMs, o agente se revestia de autoridade, prendendo suspeitos. Já era tempo de os agentes municipais guarnecerem melhor o patrimônio municipal, largado a própria sorte. O antigo prédio do Tribunal de Contas na Jansen de Melo, cedido ao município, já teve furtado até o elevador. Abandonado, o imóvel conhecido como Bolo de Noiva, também teve portas, janelas e verdadeiras obras de arte arquitetônica afanadas.
Outros órgãos municipais também deveriam estar zelando pelo patrimônio cultural de Niterói, como a Secretaria de Conservação (Seconser). O historiador Emmanuel de Macedo Soares enumerou e descreveu 53 deles, no livro “Monumentos Históricos de Niterói”. Não são muitos, mas praticamente todos ou estão pichados ou com o bronze azinabrado, sofrendo os efeitos da corrosão do metal. Mais sorte terá Paulo Gustavo e a personagem Dona Hermínia, que a prefeitura vai instalar em outubro no Campo de São Bento. A obra será em concreto armado, sem valor para os ladrões.
Na praça Getúlio Vargas, sumiu a placa em homenagem aos marinheiros fluminenses mortos na Segunda Guerra faz anos. Até hoje não tive sequer uma informação sobre o paradeiro da placa.