
Desde que o Governo do Estado, a pedido da Prefeitura, transferiu a cessão da Biblioteca Parque de Niterói para a esfera municipal, o equipamento cultural jamais retomou suas atividades normais. Trata-se de um dos maiores acervos da história da antiga província fluminense, hoje relegado ao esquecimento.
No mesmo Complexo Cultural funciona a Academia Fluminense de Letras, instituição literária de grande relevância, fundada há 107 anos. Apesar das inúmeras reclamações, há mais de um ano o elevador do prédio está inoperante, impedindo o acesso de idosos e pessoas com deficiência às suas dependências. O único caminho possível é por uma escada ampla, sem corrimão, que representa risco constante de escorregões e quedas — felizmente, até agora sem consequências graves.
O prejuízo à cultura é imenso. Sem acesso ao espaço, muitas pessoas ficam privadas da consulta, da pesquisa e da leitura. A Academia, por sua vez, vem sendo impedida de exercer suas atividades regulares por diversos fatores. As sessões noturnas, como posses e eventos literários, foram suspensas por falta de segurança, agravada pela presença constante de usuários de drogas nos arredores do prédio. Além disso, a maioria dos acadêmicos não consegue acessar o segundo andar, o que limita ainda mais o funcionamento da instituição.
Esse imponente espaço arquitetônico integra o Centro Cívico de Niterói, tombado como patrimônio cultural, junto à Praça da República, à Câmara Municipal, ao Museu da Justiça, ao Liceu Nilo Peçanha e à antiga sede da Polícia Civil. No entanto, a Secretaria Municipal de Cultura parece mais empenhada em gastar fortunas com shows milionários e palcos suntuosos nas areias da Praia de São Francisco e no Caminho Niemeyer, do que em preservar o patrimônio histórico e cultural da cidade.
Por tudo isso, já não se fala mais em Secretaria de Cultura. O nome que melhor lhe cabe hoje é “Secretaria de Shows”.

Saudades Claudio Valério!