A Unidade de Emergência Mário Monteiro, em Piratininga, reformada por R$ 4,4 milhões em 2016, está funcionando no limite da capacidade dos médicos que a prefeitura de Niterói emprega como autônomos, sem carteira assinada, férias ou 13° salário, para atender a demanda cada vez crescente. Estão nesta situação cerca de 90% dos médicos e enfermeiros. Eles reclamam por trabalhar sob pressão e, agora, porque também os plantonistas de 12h tiveram o pagamento reduzido de R$ 1,5 mil para R$ 1,1 mil.
Prestes a completar 13 anos no Dia do Médico, em 18 de outubro, o Mário Monteiro foi qualificado em dezembro de 2016 como uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA 24h) pelo Ministério da Saúde, passando o município de Niterói a receber, a título de incentivo financeiro, R$ 3,6 milhões anuais do governo federal para gerir a unidade.
Há dois anos o prédio foi remodelado e ampliado com investimento de R$ 4,4 milhões do Ministério da Saúde, mas o quadro de pessoal tem 234 profissionais, a maioria recebendo por RPA, sem carteira assinada.
O prefeito Rodrigo Neves fez essa obra prometendo melhorar o Mário Monteiro inaugurado em 2005 por Godofredo Pinto, mas as instalações já estão precárias, com paredes mofadas e infiltrações. Segundo os médicos mais antigos, o serviço prestado pela unidade continuou com a mesma capacidade de há treze anos, apesar de o movimento ter aumentado muito pela falta de opções para a população na rede básica de saúde da cidade.
Contrariando a previsão inicial de que atenderia 69 mil moradores da Região Oceânica, hoje a UPA Mário Monteiro recebe pessoas de outros bairros, principalmente em busca de atendimento nas áreas de pediatria e ortopedia.
Não tem mais ortopedia em posto ou policlínica da Fundação Municipal de Saúde (FMS) além da UPA de Piratininga. O Azevedo Lima só atende traumas graves, enquanto os casos mais simples de torções ou fraturas chegam ao Mário Monteiro, onde encontram somente um ortopedista de plantão.
Recentemente, a FMS demitiu sete cirurgiões plantonistas. Em oito dias, a Fundação voltou atrás, depois que o caso repercutiu na imprensa. No entanto, o período da noite e da madrugada não conta com nenhum cirurgião. A justificativa da FMS era a de que em seu lugar contrataria mais um pediatra para a noite.
Acontece que, quando nesse horário chega, por exemplo, um paciente baleado o clínico plantonista precisa acompanhar o ferido na ambulância até o Hospital Estadual Azevedo Lima, no Fonseca, deixando os outros pacientes da UPA aguardando atendimento.
Gilson, eu sou médico no Mário Monteiro. De fato, a realidade é muito dura no dia a dia naquela unidade. Além de trabalharmos sem nenhuma garantia legal, convivemos com constantes atrasos de salário, frequentemente passamos por situações inadmissíveis por falta de medicações e equipamentos fundamentais na sala vermelha, onde frequentemente atendemos a pacientes infartados, vítimas de trauma, além de sofrermos constantes ameaças por parte dos usuários. O CRM está ciente e nada faz. A medicina está cada vez mais abandonada e a nossa causa infelizmente é solitária, pois a sociedade está sendo impelida pelos governos a acreditar que os culpados por esse caos somos nós. Forte abraço
Vergonha!!! Absurdo!!!!