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Cemitérios de Niterói desacatam a morte

Escrito por Gilson Monteiro às 12:05 do dia 24 de janeiro de 2018
Sobre: Sucupira às avessas
24jan

O pescador Manoel Francisco Rodrigues, o Manoel Lagarto, não teve seu último desejo realizado, que era o de ser sepultado em Itaipu, onde viveu seus 82 anos. Familiares tiveram que sepultá-lo em Charitas hoje (24/01), porque a administração do Cemitério de Itaipu alegou que há mais de seis meses somente faz enterros em jazigos perpétuos. O mato que cobre todas as covas de ambos os cemitérios revela o abandono das necrópoles municipais que o prefeito Rodrigo Neves pretende entregar à iniciativa privada.

Em Itaipu trabalha dia sim, dia não, apenas um coveiro; e em Charitas o portão fica fechado nos fins de semana, segundo a administração para evitar a entrada de cracudos. O aspecto de ambos contradiz o projeto de modernização dos cemitérios de Niterói anunciado pelo prefeito em 2016.

Naquele ano, Rodrigo Neves transferiu a Coordenação de Serviços Funerários da Secretaria de Saúde para a Executiva, que era então comandada pelo vereador Vitor Junior. No início de 2017, este foi nomeado secretário de Obras, levando consigo a administração dos cemitérios. Nesse mesmo dia 21 de fevereiro, a Secretaria de Obras contratou a Rivall Engenharia para executar obras de ampliação do Cemitério do Maruí, no Barreto, com custo de R$ 1,4 milhão.

Mas a situação no Maruí não é das melhores também. Tampouco, o grupo de trabalho criado em julho de 2016 para propor a “otimização da gestão, operação, manutenção e a expansão dos cemitérios públicos de Niterói” chegou a conclusão alguma até agora.

A proposta, ao melhor estilo sucupirano de Odorico Paraguaçu, seria “aperfeiçoar os serviços públicos cemiteriais, funerários e crematórios por meio de parcerias público privadas”. Ou seja, privatizar os sepultamentos em Niterói.

 

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Gilson Monteiro
Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.
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3 thoughts on “Cemitérios de Niterói desacatam a morte

  1. Apesar de ser favorável e fazer uso da cremação nos casos de falecimentos na família, passei agora de tarde pelo cemitério de Itaipu e tive uma visão VERGONHOSA e de TOTAL FALTA DE RESPEITO DESSA GESTÃO MUNICIPAL para com os contribuintes que fazem uso desse local. A altura do capim encobre a visão das lápides e dos acessos. É vergonhoso ver que nenhum dos “atuantes” vereadores de Niterói não enxergam isso, bem como os gestores nomeados por Rodrigo Neves não conseguem contratar uma mão de obra, que não precisa ser especializada,para fazer uma limpeza constante no local sem que o mesmo chegue no estado VERGONHOSO que se encontra. Tudo isso acontecendo em ano de eleição!

  2. Está horrível o Cemitério Marui. Tem que ficar o tempo todo com lenço tampando o nariz e boca de tanto mosquitinhos (Mitinga) não puverizam. E as gavetas escorrendo um líquido cheios de metinga, é de dar nojo. Para eles tudo, para o povo nada. Nós estamos a deriva.

  3. Mais um efeito indesejável do tamanho da nossa presença no planeta. Todo mundo que nasce morre (aliás, a única certeza que se pode ter na vida). Ao contrário de muitas sociedades antigas, que tinham por prática cremar os mortos (por motivos óbvios e sábios), nossa sociedade judaico-cristã sismou de enterrar seus corpos. Ora, a matemática é simples: não basta abrir espaço para os vivos, mas há que se fazê-lo também para os mortos. E se formos fazer as contas de todo mundo que morreu no ocidente cristão nos últimos 2 mil anos, ufa…haja sepultura para bilhões de cadáveres! Alguns países ocidentais já começam a incentivar a velha (e sábia) prática da cremação. Quanto tempo será que vai levar para a brasileirada tacanha também começar a cogitar tal alternativa? Eu chutaria, sendo otimista, uns 150 anos. Até lá, haja espaço para os vivos e para os mortos!

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