Marco Lucchesi, que ocupa a cadeira número 15, fundada por Olavo Bilac, na véspera de completar 54 anos de idade foi eleito para presidir a Academia Brasileira de Letras. De uma simplicidade franciscana, o imortal que nasceu no Rio, mora em Icaraí desde os oito anos. Sempre que pode faz suas caminhadas em Itacoatiara, gosta de andar a pé, pegar ônibus e atravessar a baía de barca.
Diz que Niterói o capturou desde cedo, tornando-se com o passar do tempo, um excessivo amor, uma quase obsessão, que começou pelo fascínio da Baía de Guanabara. Bairros como Ingá, Flechas, Icaraí e ruas, como a Visconde do Rio Branco, que frequentava ainda menino; assim como o sebo da família Mônaco, são nomes que soam como de um tempo místico, como as velhas barcas Rio-Niterói, formando uma silenciosa melodia, sinais de chegar e partir, diz o imortal.
Marco, de voz mansa, relembra:
“Eu tomava a barca de Icaraí para Santa Rosa. Porque houve sim, uma barca, atrevida, se não tímida ou desvairada que atracava todos os dias no Porto do Salesianos. Fui vela, timão e passageiro dessa barca imaterial. Zarpava da Alameda Carolina, às 6 da manhã. Seguia pela Mariz e Barros, cortando as ruas sonolentas. As janelas bocejavam, e as casas adquiriam enredos inventados. Percorria aquele espaço tempo como quem nada numa torrente de esperanças. Nos intervalos das aulas, ia para o interior da Igreja Nossa Senhora Auxiliadora, ouvir o padre Marcelo, tocar Bach e Cesar Franck, no maior orgão da América Latina.
A Alameda Carolina, espécie de refúgio secreto, onde eu me perdia, em passeios e leituras, assim como na boca da Ilha da Boa Viagem, de beleza outrora esquecida, com sua ponte frágil.
Niterói me pertence de direito e de fato.
Como niteroiense, tornei-me arqueólogo de uma paisagem devastada, preso aos vestígios, às ruínas deixadas pela selvagem especulação imobiliária, para recompor meus fragmentos, minha infância e a memória da cidade.
Invicta, mas nem tanto, porque lotearam boa parte do céu, com o cipoal de edifícios, devastaram as dunas de Itaipu e aterraram sua lagoa, ferindo a beleza primitiva das praias oceânicas.
Tenho saudade do futuro: uma Niterói praticamente sem carros, boa parte da qual reflorestada, com barcas saindo de muitas partes da baia, sem violência, como se fosse uma pequena república democrática.”
Seu currículo é invejável para qualquer imortal.
Graduado em história pela UFF, possui mestrado e doutorado em Ciência da Literatura na UFRJ e pôs doutorado em Filosofia da Renascença na Universidade de Colônia na Alemanha.
Foi curador de exposições na Biblioteca Nacional com o que celebraram o centenário da morte de dois grandes escritores brasileiros, Machado de Assis, cem anos de uma obra inacabada e uma Poética do espaço brasileiro, sobre Euclides da Cunha.
Lucchesi foi também o responsável pela grande exposição Biblioteca Nacional 200 anos: uma defesa do infinito.
Graças ao seu amplo conhecimento de mais de 20 idiomas ocidentais e extra- ocidentais, destacam-se entre suas traduções obras de Rumi, Khiebnikov, Rilke e Vici.
Com diversos prêmios literários, destacam-se o Prêmio Alceu Amoroso Lima, o Marin Sorescu, na Romênia e o Del Beni Cultural da Itália.
Recebeu três vezes, o Prêmio Jabuti e o título de Honoris Causa da Universidade de Tibiscus na Romênia.
Marco Lucchesi, grande amigo. Senti muito sair de Niteroi, principalmente por estar longe no grande acontecimento, aliás muito justo. Você merece isso e muito mais.
Receba meu abraço amigo de PARABÉNS.
Como gostaria estar aí em Niteroi para abraça-lo pessoalmente. Mas, Marco, receba meu abraço. Você merece essa assumir essa Presidência da Academia Brasileira de Letras. Grande abraço.
Irmã Angela Magalhães- FC
Eu tenho muito orgulho de ser niteroiense também!’Pessoas como o Professor Marco Lucchesi nos trazem a poesia na alma!! Parabéns aos dois: Niterói e Professor Marco
Marco Lucchesi dignifica a presidência da Academia Brasileira de Letras. Muito feliz por essa notícia e orgulhoso de, um dia, ter caminhado a seu lado. Abraço carinhoso do seu amigo Renato Beranger.
Prezado Gilson, gostaríamos de lhe enviar um convite de Marco Lucchesi, no entanto não temos mais seu email. Se puder, escreva-nos para que possamos lhe enviar o email.
Nosso email é gilson@colunadogilson.com.br