Na minha garimpagem por personagens que tocam a vida em Niterói reencontrei na hora certa o relojoeiro Adyr Henrique Nascimento. Há 59 anos ele deixa o tic-tac afinado para muita gente que não pode se atrasar na correria do dia a dia.
Quando bota a lupa no olho, com sua expertise enxerga em detalhes o que precisa ser feito em qualquer tipo de relógio, seja ele de pulso, parede, cuco, novo ou antigo. Não importa a marca ou nacionalidade da peça, pois Adyr sabe chegar a um diagnóstico perfeito.
Vibra quando chega um relógio autêntico da Rolex, Patek Philippe, Longines, Bvlgari, Vacheron, Montblanc e outras marcas que brilham nos pulsos de homens e mulheres. Diz que, depois de a China entrar nesse mercado, a qualidade dessa joia de precisão caiu muito. Quando o maquinismo de um relógio chinês dá defeito, aconselha o cliente a trocar a máquina.
Esse itaocarense na época em que usava calça curta iniciava a carreira de torneiro mecânico com o pai no noroeste fluminense. Aos 14 anos veio de Itaocara para trabalhar com o irmão Oswaldo numa oficina da Rua Senhor dos Passos, no Centro do Rio, dando início à sonhada carreira.
Depois foi trabalhar na Fornituras Rio Branco, com o tio Lourival, no Centro de Niterói. Ali, durante 26 anos se atualizou fazendo cursos de especialização para acompanhar a mudança dos relógios de cordas e automáticos para os eletrônicos. No entanto, diz que o aprendizado maior foi com o tio e o irmão no dia a dia nessas muitas décadas.
Quando cheguei de surpresa à oficina de Adyr Henrique, ele desenvolvia seu ofício numa pequena mesa de madeira já gasta pelo tempo. Nela faz desde a regulagem eletrônica até a simples troca de bateria. Também confecciona um novo vidro para qualquer relógio, graças à sua coleção de formas.
A Novo Tempo, nome da oficina de Adyr, funciona há 22 anos no Edifício Albert Sabin, na Avenida Amaral Peixoto 207, sobreloja, no Centro de Niterói.
Com habilidade, ele também produz modelos exclusivos de relógios de madeira para parede ou para cima de móveis. Adyr Henrique é uma figura rara que o tempo construiu e que a gente só encontra na terra de Arariboia.
– É sempre bom uma referencia.