Durante mais de três décadas, o jornalista Carlos Ruas fotografou as mulheres mais lindas e elegantes da ex-capital fluminense. Sua presença era certa nas festas mais badaladas, nos eventos mais importantes e nos fatos marcantes de Niterói com sua Rolleiflex a tiracolo. Em agosto ele completa 93 anos, com a marca indelével do bom humor, camaradagem e fidalguia.
Pelo visor de sua inconfundível máquina de formato quadrado e de tantas outras, não só viu momentos de alegria, mas também de muita tristeza e dor. Registrou a derrubada do trampolim da praia de Icaraí; a revolta das Barcas, com o povo incendiando a estação; e o incêndio do Gran-Circus Norte Americano.
A foto que mais lhe emocionou foi a que fez da primeira cirurgia cardíaca no Estado do Rio, no Hospital Antônio Pedro.
Filho de portugueses, Ruas nasceu na Lapa, voltou para Portugal com 4 anos e retornou ao Rio, com 17 anos, para servir ao Exército, mas foi dispensado por excesso de contigente.
Desembarcou na Praça Arariboia com 22 anos. Em Niterói começou sua atividade fotográfica, clicando as festas e enviando com o texto legenda para os jornais que sempre publicavam. Daí foi um salto para ser admitido pelo O Estado, jornal importante na época.
Começou a se tornar uma figura conhecida, sendo presente em todos os acontecimentos importantes da cidade.
Depois Ruas passou a ser titular da Coluna Social de O Fluminense, no lugar de Alarico Maciel, então o mais badalado jornalista da cidade.
Com certidão de nascimento luso-brasileira, foi por anos o relações Públicas da colônia portuguesa em Niterói e grande incentivador dos clubes de serviço Rotary e Lyons e de diversas entidades, dentre elas a Câmara de Diretores Lojistas (CDL).
Com a mulher Lisaura Ruas, a grande benemérita das causas sociais, que impulsionou e presidiu a Associação Fluminense de Reabilitação por anos, formaram um casal que se preocupava em ajudar as pessoas e obras assistenciais. Criaram o Garcon Caixa Alta e outros eventos, em benefício de entidades que lutavam com dificuldades financeiras. Era uma dupla imbatível.
Ruas tem ocupado o tempo na quarentena publicando fotos de seu arquivo no Facebook. O acervo tem mais de duas mil imagens dos mais variados assuntos, que fazem parte da memória e da história da ex-capital fluminense.
Parabéns! Trabalhei com ele no jornal fluminense ele me deu apelido Branca de neve!
Foi um prazer trabalhar com Ruas quando chefie a redação de O Flu com Olegário como editor e Oséas na arte gráfica, todos nós valorizando mais esse poderoso profissional. Repórter fotográfico por excelência, o jornalista Carlos Ruas era um Marcell Proust de atavismo lusitano e, em sendo assim, mais para as imagens escritas de Eça de Queiroz. E nesse rasgar literário, mais fluminense não há e ao gosto do diretor Alberto Torres, o nosso Ruas chega à imortalidade rompendo os 90 anos dos cronistas sociais sem par. Parabéns companheiro das lentes e das letras.
Que beleza Gilson. Perfeito. Muito obrigado, vc como sempre amigo e gentil