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Zé Catimba, niteroiense de coração, festeja 90 anos com muito samba até novembro

Escrito por Gilson Monteiro às 04:00 do dia 21 de maio de 2022
Sobre: Sambista nato
  • Zé Catimba
21maio
Zé Catimba
Zé Catimba, mestre de simpatia, talento e simplicidade

Tive o prazer de encontrar caminhando pela Presidente Backer, em Icaraí, essa figura lendária da música e do samba, o querido Zé Catimba, que este ano vai completar 90 anos. O aniversário é em novembro, mas a festa já vai começar dia 7 de junho, às 19h30m, com um show no Teatro Rival. A série de eventos vai ser concluída com uma feijoada no Bola Preta, em meio a uma roda de samba com passistas e a bateria da Imperatriz Leopoldinense, além de muitos amigos como Zeca Pagodinho e Martinho da Vila.

Do alto de seus 1m65cm e com o inseparável chapéu Panamá na cabeça, Zé Catimba se agiganta no carnaval. Ele ajudou a fundar a verde e branco da Leopoldina em 1959, onde foi de tudo, de puxador de corda a premiadíssimo compositor de sambas enredos.

Aos 10 anos de idade, Catimba deixou a seca do sertão da Paraíba. Veio de navio para o Rio de Janeiro, indo morar no Morro do Adeus, em Bonsucesso. Ali na Zona da Leopoldina a água também era coisa difícil de ter em casa. O menino Catimba, então, ia até a fonte batucando com outros garotos numa lata de 20 litros. Carregava-a na cabeça, que nem a Maria da marchinha de carnaval, sucesso de carnaval nas vozes das cantoras Marlene e Elza Soares.

Zé Catimba, sambista nato, aos 17 anos fez uma música em homenagem ao velho João Inácio – cordelista, peão de obra e seu pai: “Conviveu com madrugada/como qualquer um de nós/Hoje, está desafinada/sem ninguém, abandonada/sem ilusões, sem amores/A viola, que foi bonita, que o braço só era fita, como qualquer um de nós”. Pura poesia, pura emoção.

Surgia assim um craque da música, hoje com mais de 800 composições gravadas em parceria com João Nogueira, João Donato, Jorge Aragão, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Emílio Santiago, Elimar Santos, Elza Soares, Leci Brandão, Simone, Júlio Iglesias e gente que não acaba mais.

Na década de 70 virou personagem da novela Bandeira Dois, da Rede Globo. Seu samba Martim Cererê, tema gravado pela Som Livre, vendeu 700 mil cópias.

O homem já foi enredo de escolas de samba de Niterói e do grupo Especial de João Pessoa. Em 2019 a Universidade Federal da Paraíba concedeu o Título de Doutor Honoris Causa ao sambista, que a essa altura da vida já tinha sido homenageado por todo o canto.

Mas somente a terra do cacique Arariboia tem o privilégio de abrigar por uma vida inteira José Inácio dos Santos, o Zé Catimba, uma figura com mestrado em simplicidade, simpatia e talento, que nasceu ao som dos tamborins para espalhar alegria pelo mundo.

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Gilson Monteiro
Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.
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