A Unimed Rio ganhou mais um ano de sobrevida, mas continua na UTI. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) decretou hoje (20/10) um regime de direção técnica na cooperativa que, a partir de agora, será acompanhada por um técnico indicado pelo órgão para analisar as deficiências da operadora, determinar as causas dessas anormalidades e acompanhar a execução de medidas para solucioná-las.
No dia 3/10, a ANS havia dado apenas mais 30 dias para o Sistema Unimed resolver como seria absorvida a carteira com 900 mil beneficiários por outras Unimed ou operadoras de planos de saúde. Em nota, a Unimed Rio diz ter recebido “com surpresa a notícia da instalação do regime de direção técnica por parte da ANS”, pois tem atendido a todas as solicitações do órgão regulador “e segue aguardando o Termo de Ajuste de Conduta que a Agência vem produzindo em conjunto com o Ministério Público”.
No dia 17/10 a Unimed Rio começou a negociar um termo de compromisso que garanta a continuidade do atendimento aos seus beneficiários, em reunião na sede da ANS, com representantes dos Ministérios Público federal e estadual, Defensoria Pública do Estado e prestadores de serviços credenciados à empresa. Foram debatidas as metas e fixados os compromissos de cada um dos participantes para a garantia de direitos dos clientes da Unimed-Rio.
Agora com a direção técnica, uma espécie de intervenção branca da ANS, os 5.423 médicos cooperados da Unimed Rio terão mais uma chance para resolver a crise financeira da cooperativa, que deve cerca de R$ 1,9 bilhão, entre empréstimos e dívidas com prestadores de serviços e com médicos de outras Unimeds que atendem seus clientes em sistema de intercâmbio, como a Unimed Leste Fluminense.
A Unimed Rio já estava sob regime especial de direção fiscal da ANS desde 2015, quando a agência faz um acompanhamento presencial na operadora que passa por anormalidades econômico-financeiras graves. Ao longo da duração do regime, são elaborados relatórios reportando dados da empresa, analisando medidas de saneamento e avaliando os dados contábeis e econômico-financeiros. Por força da legislação do setor, é obrigatória a manutenção do sigilo sobre as informações levantadas no curso do regime especial.
No dia 3 de outubro, o sistema Unimed recebeu um ultimato da ANS para apresentar em 30 dias uma solução de absorção de toda a carteira (cerca de 900 mil beneficiários). O Sistema Unimed vem se mobilizando para evitar que essa carteira tenha que ser vendida para a concorrência, ao mesmo tempo que estimula a Unimed Rio a se reerguer.
Com 5.423 médicos cooperados, a Unimed Rio tem uma receita anual de R$ 5 bilhões e patrimônio de R$ 1 bilhão. Mas como acumulou nos últimos anos um déficit de R$ 1,9 bilhão, a operadora fez um chamado para os cooperados fazerem um aporte de R$ 500 milhões. Os médicos não aceitaram o remédio amargo para salvar a cooperativa da insolvência. Apenas um pequeno grupo decidiu aportar voluntariamente algum capital, mas a solução não teria satisfeito as exigências da ANS.