Com esse confinamento compulsório em casa, sem tempo certo para acabar e com a massificação do noticiário sobre o coronavírus, a gente acaba pirando de vez se não ocupar a mente com outras notícias. Por isso a Coluna resolveu lembrar um lugar onde a alegria reinava e foi point da boa música, gastronomia internacional, boemia e da sociedade de Niterói. De lá saíram artistas para brilhar no Brasil e no exterior nas décadas de 50 e 60.
O Le Petit Paris, que a turma da antiga recorda foi aberto por três franceses: o casal Brigitte-Raymond com Paul. Contavam com o inestimável apoio do baixinho Rubens Ferah. Este tinha o francês afiado na língua e deu todas as dicas e apoio para a casa de três quartos e um varandão ser transformada num restaurante em frente à Praça Getúlio Vargas, próximo do Cinema Icaraí.
Festa toda a noite
Para se ter uma ideia, tudo começou quando Sérgio Mendes, então com 16 anos, chegava com seu teclado debaixo do braço para tocar acompanhado pelo seu parceiro, o contrabaixista Tião Neto. Tocavam à noite, recebendo de cachê, cada um, dois cubas livres e batatas fritas. Tanto Sérgio como Tião viraram celebridades da música internacional.
A partir daí começou a festa, com outros craques chegando para dar canja, como o famoso cantor, compositor e arranjador Danilo Caymmi, o percussionista Naná Vasconcelos, eleito oito vezes, o melhor do mundo, o premiado percussionista, baterista e compositor Chico Batera, referência no baixo elétrico, era requisitado, pelo grandes cantores, o conhecido violonista Silveira, a turma do destacado MPB4, com Aquiles, Miltinho, Rui e Waghaby.
A princípio, o cardápio sofisticado incluía pratos tradicionais da culinária francesa, oferecendo como entrada Les crevetettes a St. Tropez. Os pratos mais pedidos eram o Le coq au vin, Le poulet farci, Le poisson a la Saulieu. Nas sobremesas, para alegria das mulheres, mousse au chocolat e La mousse au fruits, feitos pela madame Brigitte.
Com o tempo, foram incorporados os pratos da culinária brasileira.
Os drinques, viraram uma mistura das bebidas francesas e brasileiras, uns preferindo licores e outros batidas de limão.
Corriam também fofocas como a de que alguns pais, frequentadores do Le Petit, para não serem vistos bebendo ali à noite, proibiam as filhas de passarem pela calçada. As moças tinham que passar pela praça em frente.
O simpaticíssimo Rubens Ferah permaneceu fiel à casa, desde a abertura até o seu fechamento, quando por longo tempo, virou sócio de Roberto Lacerda Precht, uma figura bonita e popular, que tinha o apelido de Andarilho.
A Praia de Icaraí 139, que foi palco de muita noitada, canjas musicais, momentos de descontração e de alegria, início e fim de muitos namoros, e de todo tipo de comemoração, virou o edifício Modigliani. Hoje, a maioria de seus moradores desconhece que a casa que deu origem ao prédio de apartamentos, guarda uma história da música nacional e internacional, numa época em que a cidade tinha pouca opção de lazer e de gastronomia.
Nesse momento de tanta aflição, um brinde à saúde e à vida.
Fui aos 18 anos vizinho do poeta J.G.ARAUJO JORGE e aos 22, amigo e vizinho do CHICO irmão do ROBERTO ANDARILHO. Minha primeira viagem a EUROPA foi toda programada pelo Roberto, com dicas ótimas. Tempo bom, não volta mais.
Gilson, como se chamava aquele pequeno hotel ao lado do Pétit Paris?
Gilson, peço por gentileza dar os créditos da foto a minha mãe, Angela de Vasconcellos Ramos, que também aparece bem no meio. Ela recuperou essa foto faz semanas e compartilhou no Facebook. Provavelmente assim que chegou a você.
Que narrativas históricas plena de saudades dos tempos gloriosos de Niteroi.
A lembrança de Agostinho dos Santos e sua morte num vôo da Varig em Orly me situou no tempo . Era professor do Colégio Bennet que perdeu uma aluna do 1o grau neste vôo. Parabéns Gilson.
Lugar muito bem frequentado. Eu tenho uma lembrança especial, o almoço de formatura com a presença de J G de Araújo Jorge, patrono de nossa turma ( Curso Normal do antigo Colégio José Clemente, atual Gay Lussac)
O João Sampaio qdo mais jovem frequentava o pétit com sua namorada lindíssima ,pra época ,pelos dotes físicos
e simpatia .Aquela que foi a principal artista do filme
“Bonitinha mas Ordinária “do Nelson Rodrigues .
Se O Roberto Lacerda ou o Rubens estivessem aqui ainda ,Gilson Monteiro teria muita matéria para dois livros . sobre o charmoso Pétit .
A matéria sobre o Petit está ótima. Mas, lamentavelmente, omite a fase final da casa, quando meu amigo Kanela (secretario da OAB- Niterói) era responsável pelos seus destinos. Foi depois da época do Roberto Andarilho, fundador do primeiro Boliche de Niterói.
EU AMAVA O PETIT PARIS. EU NAMORAVA AQUELE QUE SERIA MEU MARIDO. ERA UM LUGAR MUITO AGRADAVEL, ONDE DANÇAVAMOS AO SOM DA MPB, BOSSA NOVA. BOAS LEMBRANÇAS…
Maravilhosa lembrança, um lugar gar guarda dado com carinho no coração !!!
Fui um dos primeiros a frequentar o Pétit , o Sérgio Mendes era meu colega de turma no colégio Brasil, junto com o Ferha( os dois irmãos) na varanda bebericando Les Pastis, discutíamos Sartre e Marcuse, e ouvíamos atentamente o Arinos , nossa mesa era recheada de cabeças siderais, Ruy Colaço, Cesar Moco, Sacarolha, Pitanga, o show era a torrada com molho frances e camarão , muita nossa, muito jazz e altas paqueras . Estive na noite de abertura celebrando com o Ramon e a Brigitte
Parabéns p reportagem. Minha época!! César Moco me deu aulas. Zé Canela. Muitas tarde de sábado. Quanta gente famosa começou ali. Saudosos. !!!!!
Esqueci de citar um amigo Antonino Marques. Época sempre lembrada
Regiane eu sou M.Celia filha do prof Raposo que tempo bom era aquele
Belíssima lembrança incluindo duas figuras muito queridas à época : Rubens e o Roberto irmão do famoso Chico Andarilho que recebe do mano o apelido e o superou como o cara que mais andava em Niterói diariamente . Parabéns Dá um livro os três melhores
períodos do famoso bar pra muitos ; Pétit Paris
Alguém tem foto do casarão??
Muito bom, Gilson. Obrigado por resgatar uma fase maravilhosa da vida da nossa cidade e de muitos niteroiense. Principalmente pela doce lembranca do meu amigo Ferah e suas divertidas histórias do Petit Paris sempre acompanhadas de bons vinhos, assunto do qual era profundo conhecedor. O fim de noite no Petit Paris é inesquecivel. Obrigado
Eu era muito jovem,16 – 17 anos, e gostava de paquerar ali na fente.. A galera que frequentava o Pétit era mais velha, universitários em sua maioria, que consumiam MPB enquanto eu era da turma que curtia o rock’n’roll, o que não combinava com o perfil da casa e de seus frequentadores.
Mas teve um Dia em que meu primo, o baixista Otávio Bailly , iria se apresentar lá. Não lembro se ele ainda estava no Tamba Trio ou já no Bossa Três.
Resumo: a única vez que entrei lá, sem ser para “filar” o banheiro, o show não rolou.
Uma casa que marcou época..
No Petit Paris, conheci o grande cantor Agostinho dos Santos. Foi na noite que ele apareceu com o Milton Nascimento a “tira-colo”. Milton estava vindo ao Rio, para participar de um festival de músicas. Chegou com a calça esfarrapada (tivemos que comprar uma nova para ele se apresentar na TV). Naquela noite, ele dormiu no Petit. No festival, ele defendeu a música Travessia ( foi um dos vencedores). Uma semana depois, Agostinho morreu em um acidente de avião. Triste.
Le Petit Paris .Ótima lembrança. Parabéns.