Por falta de espaço físico, os 397 funcionários não trabalham presencialmente na secretaria vizinha ao gabinete do prefeito. Para abrigar todos em um mesmo dia de expediente seriam necessários 800 metros quadrados de área, ou quatro dos 14 pavimentos do Centro Administrativo de Niterói, calcula um arquiteto da Secretaria de Urbanismo.
Premiada com nota 10 pelo Ministério Público Federal como um dos cinco municípios brasileiros de maior transparência (imaginem os outros), a prefeitura de Niterói não deixa muito à mostra os seus números. A mais recente folha de pagamento do pessoal da administração direta publicada no portal é a de maio deste ano. Por ela sabe-se que a Secretaria Executiva gastou com os vencimentos do pessoal, naquele mês, R$ 903,5 mil, incluindo os vencimentos do prefeito, que eram de R$ 24.691,18.
A transição para o próximo mandato do ex-petista Rodrigo Neves já começou com nomeações publicadas no Diário Oficial da prefeitura. Antes mesmo das eleições, a campanha já havia gerado uma lista de promessas de nomeações, havendo até um overbooking para atender a políticos e cabos eleitorais dos 19 partidos que compuseram a aliança que reelegeu Rodrigo Neves.
Esta semana, o prefeito executou algumas movimentações de pessoal. André Diniz deixou a Secretaria Executiva para presidir a Fundação de Artes de Niterói (FAN); o vereador licenciado Vitor Junior assumiu como principal secretário da pasta, tendo outros quatro secretários a seu lado, dentre eles Domício Mascarenhas, ex-secretário de Obras e que também já ocupou um dos dez cargos de subsecretário Executivo.
Por sua vez, André Gagliano, ex-secretário de Relações Institucionais e da Secretaria Executiva foi nomeado Consultor Geral, um novo cargo criado em junho pelo prefeito, para também “responder nas faltas e impedimentos do secretário executivo”, segundo o ato publicado no Diário Oficial. Na prática, criou-se um sexto secretário executivo nesta ilha de prosperidade chamada Niterói.
Se a Secretaria Executiva não fosse um gigantesco cabide de emprego, poderia operar muito bem com um oitavo do pessoal atualmente nela lotado. Com uma economia anual de quase R$ 12 milhões, a prefeitura poderia, por exemplo, construir 236 novas unidades do Minha Casa, Minha Vida, ou reabastecer de medicamentos os postos de saúde onde se veem prateleiras vazias nos dispensários.
A crise econômica já se instalou país afora, com governos estaduais quebrados e o governo federal apertando o cinto com a PEC 241. Será que somente Niterói está nadando de braçada numa piscina de dinheiro como o Tio Patinhas gostava de fazer nas revistinhas de Walt Disney?
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