Uma empresa que funciona na mesma rua há mais de cinco décadas, num bairro de Niterói que tem nome de santo, é a Baterias São Lourenço. Por trás de sua referência e tradição ela tem uma bonita história de vida e de trabalho. O dono, Virley Vicente Braga, está ali desde o tempo em que as baterias eram reformadas e seus maiores consumidores eram as empresas de ônibus, caminhões e táxis, os veículos que mais rodavam.
Com o tempo, a loja ampliou seus serviços para a venda e troca de pneus, amortecedores, troca de óleo e atendimento emergencial ao motorista que fica com o carro enguiçado por bateria descarregada ou com defeito.
A trajetória de luta de seu Leley, como é carinhosamente chamado por clientes e funcionários, começou cedo. Ele pegou no batente com apenas 10 anos de idade, numa oficina de bicicletas, em Silva Jardim (RJ). Aos 12 foi para uma cerâmica e aos 14 anos mudou-se para Teresópolis, onde trabalhou numa farmácia até os 22 anos. Voltou para Silva Jardim e ficou dois anos transportando lenha no caminhão.
Com 24 anos, Virley veio para Niterói e bateu nas portas da antiga Baterias São Lourenço em busca de emprego. Foi recebido pelo dono, o português João Coelho, que lhe pediu para contar sobre sua experiência anterior. Após ouvir tudo, disse que Virley era a pessoa ideal para ser seu sócio.
“Estou em busca de trabalho e não tenho dinheiro para entrar numa sociedade”, respondeu Virley. Mas João Coelho o queria mesmo como sócio, pagando com trabalho e sem colocar dinheiro algum na empresa. Aí nasceu uma sociedade que se transformou em grande amizade.
A Baterias São Lourenço é uma empresa familiar de sucesso. Tem filiais em São Gonçalo e Itaipu. Hoje, tocam o negócio os três filhos de Virley: Vinicius, Rodrigo e Verônica.
Seu Leley gosta de mostrar seus álbuns com fotos antigas, marcando momentos festivos com os sócios e alguns clientes. Em reverência a João Coelho, ele mandou colocar uma placa na loja homenageando o homem que acreditou em seu trabalho, em eterna gratidão àquele que lhe deu a mão no início de sua vida empresarial. Coisas que a gente só vê mesmo na terra de Arariboia.