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Sérgio Mendes e o Petit Paris, onde a carreira do músico niteroiense começou

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O documentário recém-lançado sobre o músico niteroiense Sérgio Mendes, para ser completo deveria lembrar mais do início da carreira de um dos maiores artistas brasileiros, reconhecido no mundo, no Petit Paris. A casa noturna da Praia de Icaraí, sucesso nas décadas de 50 e 60 e início dos 70, foi o berço musical de Sérgio Mendes, que acaba de completar 80 anos de idade.

Disponível por streaming no HBO Go, o filme vai desde a infância em Niterói à consagração brasileira do Rock in Rio em 2017, com depoimentos de Quincy Jones, Pelé, will.i.am, John Legend, Carlinhos Brown e Harrison Ford.

Pianista, arranjador, compositor e produtor musical,  Sérgio Santos Mendes nasceu em Icaraí, em 11 de fevereiro de 1941. Começou a estudar música no Conservatório ainda criança com a intenção de se tornar pianista clássico. Foi influenciado principalmente pela obra de Tom Jobim e João Gilberto, além dos shows que assistiu de Stan Getz, Dizzy Cillespie, Charlie Byrd, Paul Winter, Roy Eldridge e Herbie Mann, entre outros. Ainda aos 15 anos, abandonou a música clássica pela sua nova paixão: a bossa nova.

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Para se ter uma ideia, tudo teve início quando Sérgio Mendes, então com 16 anos, chegava no Petit Paris com seu teclado debaixo do braço para tocar acompanhado pelo inseparável parceiro, o contrabaixista Tião Neto. Tocavam à noite, recebendo como cachê, cada um, dois cuba livre e batatas fritas. Tanto Sérgio como Tião viraram celebridades da música internacional.

A partir daí começou a festa, com outros craques dando canja no Petit Paris, como o cantor, compositor e arranjador Danilo Caymmi; o percussionista Naná Vasconcelos, eleito oito vezes, o melhor do mundo; o premiado percussionista, baterista e compositor Chico Batera, referência no baixo elétrico, requisitado pelos grandes cantores; o conhecido violonista Silveira, a turma do destacado MPB 4, com Aquiles, Miltinho, Rui e Waghaby.

Depois Sergio Mendes passou a se apresentar em casas noturnas cariocas, especialmente o Beco das Garrafas. Neste mesmo período formou o “Sexteto Bossa Nova Rio”, com o qual se apresentou no Festival de Bossa Nova no Carnegie Hall, em Nova York. Com o grupo obteve muita repercussão crítica, o que resultou na sua primeira gravação, “Dança Moderna”, em 1961, através da gravadora Philips. Além disso participou de festivais de jazz e liderou o Brazilian Jazz Sextet, chegando a gravar com o saxofonista Cannonball Adderley, em 1962.

Em 1964 começa a deslanchar a consagrada carreira internacional de Sérgio Mendes com sua mudança para a Califórnia. Gravou mais de 40 discos e trabalhou em parceria com nomes de grande peso da música nacional e internacional, incluindo Frank Sinatra, Cannonball Adderley, Herb Alpert, Black Eyed Pess, Erykah Badu, John Legend, Justin Timberlake, Seu Jorge, Milton Nascimento e Carlinhos Brown entre muitos outros.

Com este legado, foi considerado um dos artistas brasileiros mais conceituados aqui e, principalmente, no exterior. Apesar de ter vivido grande parte de sua vida fora do Brasil, Sérgio nunca deixou de esconder suas raízes niteroienses e a saudade que tinha de voltar a viver em sua terra natal. Para lembrar dela, gravou “Niterói” na placa de seu carro na Califórnia.

O Le Petit Paris, que a turma da antiga recorda, foi aberto por três franceses: o casal Brigitte-Raymond e Paul. Contavam com o inestimável apoio do baixinho Rubens Ferah. Este tinha o francês afiado na língua e deu todas as dicas e apoio para a casa de três quartos e um varandão ser transformada num restaurante em frente à Praça Getúlio Vargas, próximo ao Cinema Icaraí.

A princípio, o cardápio sofisticado incluía pratos tradicionais da culinária francesa, oferecendo como entradas Les Crevetettes a St. Tropez. Os mais pedidos eram o Le coq au vin, Le poulet farci, Le poisson a la Saulieu. Nas sobremesas, para alegria das mulheres, mousse au chocolate e lá mousse au fruits, feitos pela madame Brigitte.

Os drinques viraram uma mistura das bebidas francesas e brasileiras, uns preferindo champanhes e licores, e outros as batidas de limão.

Niterói continua sendo um celeiro de talentos musicais, muitos deles fazendo sucesso no Brasil e no exterior, apesar das dificuldades e dos poucos espaços para se apresentarem nos palcos da cidade.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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