O funcionamento da Unidade de Emergência Mario Monteiro, em Piratininga, está comprometido, assim como o de todas as outras unidades de saúde da rede municipal de Niterói, por falta de medicamentos. Inaugurada a reforma do hospital com festa e discurso na quinta-feira (08/04), ele somente começou a aceitar pacientes depois que esta coluna mostrou, no início da tarde da sexta-feira, que a emergência estava fechada e os doentes eram mandados para a Policlínica do Largo da Batalha.
A compra de remédios pela prefeitura de Niterói, no valor total de R$ 23 milhões, ia ser feita pela Fundação Municipal de Saúde (FMS) através de pregão publicado no Diário Oficial que circulou no sábado de carnaval. As empresas interessadas deveriam apresentar suas propostas no dia 25 de fevereiro, às 10h. As que compareceram recorreram por conta de atrasos e uma nova data foi marcada, mas a licitação foi suspensa no dia 10 de março pelo Tribunal de Contas do Estado. Segundo o voto do conselheiro Marco Antonio Barbosa de Alencar, do TCE, apesar do alto valor divulgado para a compra de medicamentos, o edital não tinha sido cadastrado no sistema do tribunal. O TCE recebeu denúncias de subfaturamento de preços e superdimensionamento de quantidades. Agora, a prefeitura precisa comprovar ao TCE que está tudo certo no edital.
O Almoxarifado de Medicamentos da FMS (Almed), na Ponta da Areia, encontra-se há meses totalmente desabastecido e sem previsão para a situação ser normalizada. Na sexta-feira, Fabrício Nascimento desabafou pelas redes sociais que procurou socorro médico para o filho no Mário Monteiro, mas lá não havia medicamentos.
“Sai de casa com meu filho queimando em febre e vomitando. Chegando lá, tudo lindo e novo, mas do que adianta estar novo se não tem um atendimento adequado, a médica nem examina uma criança direito, passa um Benzetacil para o paciente comprar, porque na unidade não tinha” – escreveu o pai, acrescentando: “Seu prefeito, o túnel Charitas-Cafubá está quase pronto, né? Mas cadê os medicamentos dos hospitais?”
No Getulinho, apenas as crianças atendidas na emergência recebem medicamentos para tomar na hora. Mas se forem atendidas no ambulatório, mandam pegar os remédios na UPA do Fonseca, que é um órgão estadual. Enquanto isso, a organização social Ideias já recebeu mais de R$ 100 milhões para prestar atendimento a crianças em contêineres. Os casos cirúrgicos ela encaminha para o Hospital Orêncio de Freitas, no Barreto.
Por sua vez, a direção do Orêncio de Freitas recebe da FMS R$ 60 mil por mês para comprar medicamentos, material médico hospitalar e cuidar da manutenção predial. A verba deste mês ainda não saiu.