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Rodrigo é alvo de nova ação do MP no caso da propina de empresas de ônibus

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Depois de denunciar Rodrigo Neves por corrupção passiva, em ação que resultou na prisão do prefeito de Niterói em dezembro de 2018, o Ministério Público estadual agora denuncia o chefe do Executivo por improbidade administrativa e pede a devolução do dinheiro desviado aos cofres públicos.

O Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (GAECC) do MP ajuizou nesta terça-feira (11/02) ação civil pública (ACP) acusando Rodrigo Neves de ter usado o dinheiro da propina em suas campanhas eleitorais de 2012 e 2016.

A ação civil  também denuncia o ex-secretário municipal de Obras, Domicio Mascarenhas, dois empresários, dois consórcios e nove empresas de transporte por atos de improbidade administrativa, com requerimento de indisponibilidade de bens dos envolvidos.

De acordo com a ACP, o grupo liderado pelo prefeito recebeu vantagens financeiras indevidas pagas pelos consórcios de empresas de ônibus da cidade, em situação similar ao esquema irregular de pagamento de propinas capitaneado pela Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor), durante o governo Sérgio Cabral.

O inquérito civil que instruiu a ação foi instaurado em dezembro de 2018 para apurar possíveis atos de improbidade administrativa por parte de autoridades municipais de Niterói, em razão da prática de um esquema de corrupção que recebia propina de 20% sobre os valores arrecadados, a título de gratuidades, nas passagens do transporte municipal coletivo, modal ônibus.

O esquema criminoso movimentou o pagamento de propina, por parte das empresas de ônibus aos líderes da organização criminosa, na ordem de R$ 11 milhões apenas no período entre abril de 2014 a dezembro de 2018, em valores aferidos à época.

No decorrer da investigação, o GAECC/MPRJ obteve informações precisas a respeito do esquema de corrupção instituído no Município de Niterói, envolvendo empresários de transporte rodoviário, Rodrigo Neves e Domício Mascarenhas, que além de ex-secretário foi conselheiro de Administração da NITTRANS, empresa responsável pelo planejamento e gerenciamento do sistema de transporte do sistema viário de Niterói.

A ação aponta que, nas campanhas eleitorais de 2012 e 2016, consórcios filiados ao Setrerj fizeram doações não oficiais para as campanhas de Rodrigo, com os pagamentos tendo sido entregues pelos presidentes dos Consórcios Transnit e Transoceânico ao operador do prefeito, Domicio Mascarenhas.

De acordo com informações da ACP, a Prefeitura de Niterói deveria pagar valores aos consórcios pelas gratuidades, mas somente efetuava os pagamentos mediante um retorno de 20% destes valores, a título de propina.

Também é relatada, na ação, que a intenção de Rodrigo Neves era de que a campanha de 2016 fosse realizada com a estrutura utilizada na campanha anterior. Para tanto, segundo apurado, Rodrigo Neves solicitou a Domício que fossem feitos os ajustes financeiros necessários, através das empresas de ônibus que operavam em Niterói, com vistas ao pagamento do valor de R$ 5 milhões ao responsável pela campanha do prefeito, por meio de caixa dois.

Três meses preso em Bangu

O prefeito Rodrigo Neves já responde pelo crime de corrupção passiva. Denúncia do MP foi aceita por unanimidade dos desembargadores do 3º Grupo de Câmaras Criminais do TJ, que também homologaram a delação do ex-dirigente da Fetranspor, Marcelo Traça, segundo a qual o prefeito de Niterói recebia propina de empresas de ônibus, desde 2014, que teriam somado um montante de cerca de R$ 11 milhões

Rodrigo Neves foi preso, junto com os outros denunciados na Operação Alameda em dezembro de 2018, tendo sido solto em março por decisão proferida em habeas corpus, e reassumiu a prefeitura.

Segundo as investigações, entre os anos de 2014 e 2018, o esquema desviou aproximadamente R$ 10,9 milhões dos cofres públicos para pagamentos ilegais.

Para o MPRJ, os fatos denunciados configuram uma reprodução adaptada para o Município de Niterói do grave esquema de corrupção evidenciado pela Operação Lava- Jato no âmbito do Governo do Estado do Rio de Janeiro em suas relações espúrias com a Fetranspor. 

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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