O Rio Cricket, berço do futebol fluminense que completa 150 anos em agosto, acaba de reeleger o presidente Marcos Flávio Cortes. Esta será a 16ª vez que ele vai comandar a agremiação, da qual é sócio há 50 anos. Pelo novo estatuto, o clube fundado pelos ingleses em Niterói não poderá mais, na próxima eleição, reeleger quem tenha ocupado a presidência por três mandatos consecutivos.
Marcos Flávio lembra que aos 26 anos de idade foi convidado para jogar futebol contra o time do Rio Cricket e entrar como sócio do clube. Terminada a partida, depois do banho no vestiário, enrolou a camisa e a chuteira numa toalha e colocou-as inadvertidamente em cima da grande mesa redonda onde se sentavam os diretores britânicos.
Por causa disso, teve o nome vetado. Mais adiante, depois que o advertiram de que em cima de uma mesa só podem ser colocadas comidas e bebidas, ele foi finalmente aceito no clube.
Marcos Flávio gostou tanto do Rio Cricket que fez dele sua segunda casa. Há 50 anos se senta à mesa de 12 lugares, colocada na varanda com vista panorâmica do gramado. Desde o pito do lorde diretor, tornou-se um guardião da etiqueta, observando que sobre a mesa o único objeto permitido além de pratos, copos e talheres é o celular.
Com o passar dos anos, a frequência do bar foi trocando de nacionalidade e os hábitos também foram mudando aos poucos. Os garçons que no passado serviam uísque, a bebida preferida do Reino Unido, agora levam cerveja na bandeja, a terceira bebida mais popular do mundo.
Quando Marcos Flávio, 76 anos, auditor fiscal aposentado do Estado do Rio, se senta à tradicional mesa, os outros onze lugares são logo ocupados. Sócios se revezam o dia inteiro, nos fins de semana, com o bate papo correndo solto sem hora para terminar.
Marcos Flávio diz que os 150 anos do Rio Cricket vão ter uma comemoração digna e à altura por tudo o que o clube representa na história do futebol e da sociedade de Niterói.
Foi na sede em estilo clássico, com um gramado sempre verdinho visto na esquina da Marquês do Paraná com Miguel de Frias, em Icaraí, que em um mês de agosto os ingleses fundaram a Rio Cricket and Athletic Association. Reuniam-se ali para praticar o críquete, um desporto que utiliza bola e tacos, cuja origem remonta a 1566 no Sul da Inglaterra. Nesse campo, jogadores de futebol também deram os primeiros chutes na bola no antigo Estado do Rio de Janeiro.
O clube dos ingleses disputou o primeiro Campeonato Carioca de Futebol em 1906. O time ficou em terceiro lugar. De toda a história do Rio Cricket, seu maior craque foi o tricampeão mundial Leonardo.
A entidade continua com o mesmo espírito futebolístico, com as suas tradicionais escolinhas de futebol para crianças e as peladas de fim de semana, cujas vagas para entrar nos times são bastantes disputadas. Alguns costumes ao longo desses muitos anos foram se transformando. O chá das senhoras inglesas, às quintas-feiras no Salão Cristal, hoje com o nome da Lady Di, foi substituído pelas brasileiras por um joguinho de buraco acompanhado por refrigerantes e biscoitos. Mesmo sem o chá das cinco, são mantidos o espírito de distração e a camaradagem.
Clube como o Rio Cricket é que faz a diferença e o orgulho dos moradores da terra do cacique Arariboia.
Prefeitura de Niterói já entregou, este ano, R$ 58 milhões para OS fazer a gestão…
Renato Cotta toma posse no MAE Alumni Hall of Fame da North Carolina State University…
Desembargador César Cury defende a mediação como a melhor solução para a resolução de conflitos Só este…
Do pátio do MAC, na Boa Viagem, descortina-se um leque de opções para o visitante…
Pinheiro Junior com a beca dos imortais da Academia Fluminense de Letras, no dia de…
A Rua Presidente Pedreira, no Ingá, mais uma vez vira um rio, mesmo quando a…