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Região Oceânica está largada, depois de virar canteiro de obra milionária

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A Região Oceânica de Niterói está no mais completo abandono. Ruas esburacadas e enlameadas quando chove. O mato toma conta dos rios. Na restinga de Itacoatiara o matagal invade a avenida da praia (foto), no bairro que paga um dos IPTUs mais caros de Niterói.

Na semana passada um conhecido pediatra fraturou três costelas e machucou a cabeça. Ele andava de bicicleta pela Estrada Francisco da Cruz Nunes. Na altura das concessionárias caiu em um buraco coberto de água. Ainda está internado no Niterói D’Or para se restabelecer.

Os moradores atribuem o descaso com a Região Oceânica ao fato de as mesmas figuras ocuparem cargos chaves em governos que vêm se perpetuando na Prefeitura. São comissionados que já se acomodaram. Nenhum parece motivado para realizar qualquer trabalho em favor da população.

A consequência disso são os rios assoreados e ralos entupidos. Ruas e estradas, como a São Sebastião, no Engenho do Mato, alagam com qualquer chuva. O Rio João Mendes transborda invadindo prédios nas margens. E a praia de Itacoatiara, assim como sua sinalização, fica escondida pela vegetação que invadiu a restinga (fotos).

Outra queixa dos moradores é sobre o transporte público. O Consórcio Transoceânico diminuiu o número de ônibus em circulação. Passageiros acabam, com isso, tendo que se aglomerar e se arriscar em ser contaminado pela Covid nos poucos carros que ligam a região a outros bairros de Niterói.

Apesar de a obra da Transoceânica ter custado mais de R$ 420 milhões, o corredor expresso feito para os ônibus BHLS é mais um estorvo para o trânsito da Região Oceânica. Pouco serve para melhorar o transporte público.

Antes de ser preso pela Operação Alameda, em dezembro de 2018, o ex-prefeito Rodrigo Neves abriu uma licitação para a compra 40 ônibus elétricos. Os veículos seriam cedidos pela prefeitura de Niterói, em regime de comodato, ao Consórcio Transoceânico. Com a detenção do prefeito, o então presidente da Câmara de Vereadores, Paulo Bagueira, assumiu o Executivo. Em janeiro de 2019 cancelou a licitação. O preço total estimado era de R$ 51.960.000.

Em dezembro de 2020, Rodrigo Neves foi denunciado pelo Ministério Público Federal, acusado de direcionar a licitação da Transoceânica para contratar em janeiro de 2014 o consórcio Constran/Carioca. Na denúncia à Justiça Federal, o MPF destacou que os R$ 310 orçados para a obra, foram “em muito superados com os aditivos ao contrato, muitos dos quais considerados indevidos pela auditoria do TCE”. Esse processo também denuncia o ex-prefeito por contratar indevidamente uma empresa de publicidade; e acusa-o ainda de ter recebido mais de R$ 10 milhões em propina de empresas de ônibus. A ação penal corre em segredo de justiça e ainda deverá ser distribuída para a Vara Federal Criminal de Niterói, com a perda do foro privilegiado ao fim do mandato de Rodrigo.

A população não tem para quem apelar. O prefeito Axel Grael e seus secretários não respondem às reclamações. Limitam-se a fazer comunicados através das redes sociais. Evitam entrevistas coletivas com jornalistas, deixando a população sem resposta para as demandas mais urgentes.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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