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Coluna do LAM

Quando os guardas de trânsito eram PMs

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Desde a fundação de Niterói, em 1573, nunca o trânsito da cidade esteve tão ruim como hoje. Ruim é elogio. Niterói está parada de manhã, tarde, noite, em Icaraí, Centro, Fonseca, Barreto, Santa Rosa, São Francisco, Região Oceânica. Uma experiente raposa da política local me disse que o prefeito é apologista do “falem mal, mas falem de mim” e, sinceramente, não sei como ele chega pontualmente ao trabalho com o trânsito nesse estado.

Achava que a questão do trânsito por aqui é pura incompetência. Errei. Não é incompetência. É lambança, desleixo absoluto com aqueles que pagam rios de impostos. E todo mundo sabe que o caos atual tem uma razão principal: falta de guardas. Nos últimos dias precisei enfrentar a Ary Parreiras de manhã cedo e estava tudo parado porque não há guardas no cruzamento com a Roberto Silveira. Havia em apenas um dia, mas ele estava falando ao celular as gargalhadas enquanto o buzinaço imperava. Coisas da impunidade.

Tempos atrás mudaram as leis. A PM, que organizava o trânsito nas cidades, foi substituída pelos placebos, que nem de guardas são chamados. Preferem a alcunha de “agentes de trânsito”. Já os PM todo mundo respeitava porque eles podiam prender. Além de guardas de trânsito (usavam quepes brancos) eles agiam como policiais em caso de assaltos e outras ocorrências nas imediações. As cidades como Niterói só ganhavam. Hoje, com essa horda que ainda por cima é cheia de marra, Niterói assiste a inapetência profissional se unir a falta de respeito, desconhecimento de causa e anemia funcional. Tudo ao mesmo tempo. Quanto a volta da PM ao trânsito é um delírio já que ao Legislativo brasileiro só interessa a decadência social, que gera votos.

Como acho que a culpa não é de quem faz e sim de quem deixa fazer, pergunto: 1 – Por que retiraram tantos “agentes de trânsito” das ruas da cidade?: 2 – Quem os treina, o que eles “aprendem” caso haja algum curso antes de serem despejados nas ruas com o título de autoridades?

Ao prefeito de Niterói (segundo lugar na última eleição; perdeu para nulos, brancos e abstenções) tinha vontade de perguntar muitas coisas a respeito do trânsito que o PT, partido que o lançou na política em 1997, batizou de “mobilidade urbana”. Por causa da Lava Jato ele se mudou para o PV ano passado. Desisti de perguntar porque não sei quando o prefeito voltou a Niterói. Ia tentar agendar uma entrevista quando soube que ele viajou antes do carnaval, e férias, para o Rio Grande do Norte e no último dia 13 estava em Petrópolis. Não sei quando voltou, mas sei que a cidade ficou acéfala já não tem vice e o presidente da Câmara dos Vereadores não assumiu.

O inédito caos no trânsito que sentimos na carne hoje em Niterói não é culpa da falta de dinheiro, já que o prefeito quer municipalizar museus que pertencem ao Estado e fazer uma famigerada parceria público privada para maquiar o Mercado São Pedro. Ou seja, dinheiro há. Atento as suas prioridades esquece que, além de prejuízos profissionais, danos a saúde da população e toda a sorte de moléstia, o caos no trânsito agrava a crise econômica. Ônibus, caminhões, vans, carros e motos gastam 12% mais de combustível no enlouquecedor para e anda dos engarrafamentos crônicos.

Como disse um filósofo popular num bar da Amaral Peixoto “o prefeito mata a cidade e vai ao cinema na maior traquilidade”.

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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