Canoas havaianas, dezenas delas, estão mudando o perfil de Charitas, em Niterói. A busca por atividades saudáveis para enfrentar a pandemia do coronavirus já atrai 400 remadores a essa praia da Zona Sul. Eles estão reunidos em 13 clubes ali instalados. Charitas está prestes a ser apontada como o maior polo desse esporte no país, segundo as federações estaduais.
Emoldurada por um arco-íris em dias de chuva, ou iluminada pelo pôr do sol (fotos de Marcus Nery), Charitas parece prenunciar a esperança, o fim do sofrimento através da intervenção divina, como diz a Bíblia no livro Gênesis (9:11-13).
O isolamento social que decretou o fechamento por longo período dos 17 quiosques da praia criou uma alternativa financeira para os quiosqueiros. Seis deles passaram guardar canoas havaianas. Cobram mensalidades de até R$ 170,00.
À frente do clube Tribo Hoe, instalado no quiosque 20, Marcus Nery inovou promovendo a inclusão social estimulando as habilidades de pessoas com deficiência. Entre seus alunos, há cadeirantes e portadores de necessidades especiais. Defronte ao quiosque tem uma vaga exclusiva para deficiente físico. Só que a calçada não tem rampa e os quatro cadeirantes que praticam o esporte têm dificuldade em sair do carro. Já foi feita uma solicitação à Prefeitura, há dois meses, mas até agora nada aconteceu.
O Tribo Hoe funcionava em São Francisco, próximo ao Skate Park. Mudou para Charitas devido à poluição no canto direito da outra praia. Em outros cinco quiosques ficam as canoas havaianas dos clubes Haka, Brasil Va’a, Soul Va’a, Niterói Hoe e Astral Va’a.
– Além da explosão na procura das canoas havaianas, muita gente também passou a frequentar Charitas para ver o pôr do sol – disse Marcus Nery, do Tribo Hoe. Ao contrário das demais guarderias, esse quiosque funciona o dia todo servindo água de coco, açaí, sanduíche natural e bolos caseiros não só para os remadores como também para ciclistas, praticantes de voo livre (o campo de pouso é ao lado) e aficionados pelo aeromodelismo que se reúnem ali aos sábados e domingos.
O primeiro clube que se instalou em Charitas, em 2013, foi o Niterói Hoe, de Hélio Teixeira. Durante seis anos ele presidiu a Federação Estadual de Canoa Havaiana. Engenheiro de segurança, Teixeira explica por que os clubes escolheram Charitas para instalar suas guarderias:
– As condições do mar para o esporte em Charitas são excepcionais. A água é limpa na maioria dos dias, a areia é fina e sem lodo e, o melhor, não tem ondas. Quem tem base em Charitas pode remar 365 dias por ano – afirma o presidente do Niterói Hoe.
Hélio Teixeira torce para que sejam construídas miniguarderias públicas e banheiros quando for feita a revitalização de Charitas. A obra está prometida pela prefeitura. Enquanto não sai do papel, Hélio sugere que a garagem subterrânea, que está fechada, seja usada como “a maior guarderia do Brasil”. Ele explica o crescimento do esporte em quase todas as praias do Brasil:
– A maior vantagem é a prática de um esporte com contato direto com a natureza. É altamente desestressante, melhora a qualidade de vida. Ajuda a emagrecer e a formar novos amigos, não importa a idade do remador. Quando você sai para remar, os problemas ficam em casa – diz Hélio.
Excelente parabéns ao inventor desse esporte. Bravo.
Quando estou remando, para mim, todos do barco estão almejando o mesmo objetivo, o lugar de chegada…essa sensação é gratificante.
Sobre Marcos Nery só tenho a agradecer por ter me acolhido, um dos poucos que aceita cadeirante.
Muito orgulho de fazer parte da Tribo Hoe!! Vivenciamos o esporte de forma prazerosa, com muita técnica e contemplando sempre o trabalho em equipe.