Por: Guilherme Barros e Marina Rocha Barros //
Isolado em casa, aos 90 anos, o jornalista João Américo Barros, aposentado há mais de 20 anos, niteroiense e morador de Icaraí, redescobriu o prazer de pintar. Com uma bandeja improvisada como paleta, tinta e pincel redescobre seu talento para a pintura. E assim consegue enfrentar o isolamento social provocado pela Covid.
Seus quadros têm tido ampla repercussão nas redes sociais. Sempre atento aos novos modos de consumir informação, Barros, que desenha e pinta desde os 12 anos, começou um curso de pintura online e vem aprimorando suas técnicas.
– Não pegava em um pincel há mais de 10 anos. Descobri uma artista de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, que gostei muito. Estou aprendendo novas formas de pintar e gostando muito do resultado – diz ele que já ganhou nota 10 da professora em um de seus quadros abstratos.
O hobby ajuda a manter a cabeça no lugar no meio de uma pandemia que nunca imaginou viver. O aposentado está entre os brasileiros vacinados contra a Covid-19. Já tomou a segunda dose da CoronaVac, mas garante que manterá todos os cuidados para evitar a doença.
Barros tem uma carreira jornalística notável. Estava à frente do departamento de arte da famosa revista O Cruzeiro quando a publicação atingiu a histórica marca de mais de 700 mil revistas vendidas em banca. Foi chefe da arte das revistas Manchete, Manchete Esportiva, Fatos e Fatos e Fotos. Ao todo, Barros deve ter projetado, com seu traço de artista nato, milhares de páginas e capas de revistas.
Há três anos, sofreu sua maior dor, quando perdeu sua companheira de quase 60 anos, Maria Adelaide. A relação dos dois remonta à época quando Niterói ainda era capital fluminense e eles trabalhavam no IBGE. Barros teve então uma oportunidade de atravessar a Ponte e tentar a vida em O Cruzeiro, como diagramador. Trabalhou na revista durante 20 anos. Lá, conheceu e se tornou amigo de nomes como Ziraldo, Borjalo, Péricles Maranhão, Carlos Estêvão, Amilde Pedrosa (Appe), e muitos outros. Depois, em 1975, mudou-se para extinta Manchete, onde construiu uma sólida amizade com Carlos Heitor Cony.
Barros foi citado algumas vezes por Cony em artigos escritos para a Folha de São Paulo. Até o falecimento de Cony, os dois ainda se encontravam. Chegaram a fundar um grupo chamado Pão com Ovus, todos ex-jornalistas da Manchete.
Flamenguista de coração e conhecedor de culturas, ele, hoje, acompanha de perto as notícias de esportes e política e usa as redes sociais para compartilhar textos e análises pessoais, sempre com opiniões muito incisivas.
Grande Jornalista João Barros.
Obrigado por mais este ensinamento.