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Obras de R$ 406 milhões vão maquiar Niterói, que segue sofrendo com chuva

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Basta chover um pouco mais para ruas de Niterói virarem rios

As obras de R$ 406,5 milhões anunciadas pelo prefeito Axel Grael como de “revitalização do Centro” vão maquiar Niterói, que seguirá sofrendo com chuva. Pelas redes sociais, o projeto vem recebendo críticas dos niteroienses. Perguntam por que a prefeitura não reforma e amplia a rede de drenagem para evitar que a cidade sofra prejuízos quando chove mais forte.

Na quinta-feira (17/2), o trânsito parou literalmente em Niterói, das 18h às 19h. Caíram 30 milímetros de chuva, suficientes para transformar em rios caudalosos ruas do Centro, Gragoatá, Ingá, Icaraí, Charitas, Barreto e Fonseca.

Na página da prefeitura no Facebook a moradora Rosangela Oliveira cobrou “investimento já nos subsolos para acabar com as enchentes”. Osana Matos fez outra cobrança: “Tem alguma obra prevista para a questão da enchente no Barreto; afinal aqui também tem urgência”. Ambas ficaram sem resposta do prefeito ou de seus assessores aos comentários.

Promessas de revitalização se repetem

Não é de hoje que Niterói ouve falar de remodelação e/ou revitalização do Centro. De tempos em tempos, o prefeito de ocasião anuncia algum projeto que acaba ficando somente no papel. Desta vez, com a arrecadação de um dos IPTUs mais caros do país e a generosa injeção de R$ 1,6 bilhão de petrodólares no orçamento de Niterói, Grael promete gastar R$ 406,5 milhões com a criação de um “corredor verde” na Avenida Amaral Peixoto. Diz que vai reurbanizar também as Rua da Conceição e Avenida Visconde do Rio Branco, a Praça Arariboia e a Concha Acústica.

Com a pretensão de “criar conexões com pontos turísticos”, o secretário municipal de Urbanismo e Mobilidade, Renato Barandier, anuncia um novo arruamento do Centro com a criação de oito novas quadras no acesso ao Caminho Niemeyer.

Isto será feito com a extensão das ruas Leopoldo Fróes, Saldanha Marinho e Marquês de Caxias até a Avenida Plínio Leite. Atualmente essas ruas terminam no cruzamento com a Avenida Rio Branco. Serão estendidas através do terreno onde já funcionou o Carrefour. Nessa área, uma construtora pretendia erguer duas torres de 28 andares, cada, formando o que chamava de Oscar Niemeyer Monumental.

Terminal rodoviário fica esquecido

Em comentário no post da prefeitura, a leitora Fátima Fernandes adverte: “Precisava incluir o terminal rodoviário João Goulart (no projeto), que não está dando conta do grande número de ônibus e pessoas. No final do dia fica insuportável, mal se consegue andar de tão cheio e com engarrafamento de ônibus é um caos”.

A reforma do terminal rodoviário não está no projeto da Secretaria de Urbanismo e Mobilidade. Como bem lembra a leitora, o espaço deveria ser ampliado, assim como ser criado um grande estacionamento no aterro da Praia Grande, ligado por linhas de microônibus às principais ruas do Centro. Era o que previa o Plano Lerner, no início dos anos 80. A prefeitura pagou ao arquiteto Jaime Lerner, mas deixou o plano esquecido em alguma gaveta.

Leia: IPTU de Niterói reajustado em 10,25% encontra contribuintes dentro d’água

Outra parte do novo projeto milionário da prefeitura, que é criticada pelos niteroienses, é o gasto de R$ 20 milhões para transformar a Avenida Amaral Peixoto em um corredor verde, como quer Axel Grael. Para plantar árvores em canteiros dos dois lados, a avenida terá as pistas de trânsito estreitadas.

A leitora Marialice Calazans Abreu apontou: “Não adianta revitalizar o Centro se não tem uma ação digna para a população de rua. Esta população está crescendo geometricamente. Sei que é muito difícil, mas a meu ver é a prioridade”. 

Moradora cobra “obras de verdade”

Se Grael não estivesse tão preocupado em maquiar Niterói, melhor faria usando a grana em investimentos mais prementes. Os R$ 1,6 bilhão em royalties do petróleo que deverá arrecadar em 2022 certamente dariam para garantir uma boa rede de drenagem para a cidade não sofrer com o aguaceiro a cada chuva.

Mas como seu antecessor, Rodrigo Neves, que inaugurou com alarde o túnel Charitas-Cafubá, deixando a Avenida Sylvio Picanço virar um rio quando chove forte, Grael também fala em “revitalizar” Charitas. No projeto apresentado pelo prefeito tem um belo mirante, quiosques e calçadões redesenhados. Só que não se fala em escoamento de águas pluviais do bairro que paga um dos IPTUs mais altos de Niterói.

A moradora Vânia Sppozido, em comentário na página da Prefeitura, resume a preocupação dos cidadãos com Niterói. Diz ela: “Prefeito, há muitas encostas precisando de obras de contenção e não muros de contenção, porque, dependendo da dimensão da chuva, desgraças vão acontecer. É uma tragédia anunciada. O bairro de Santa Rosa tem muitas encostas, principalmente na Rua Euzir de Almeida Brandão… não feche os olhos para isso. A catástrofe de Petrópolis só nos deixa mais apavorados. Somos todos solidários e, por isso, estamos implorando. Muito triste e difícil o que vou repetir nas palavras de um sobrevivente: “Os políticos nunca vão resolver esse problema, porque é muito mais fácil retirar corpos do que gastar com obras de verdade“. Isto foi dito em 2010 na desgraça do Bumba…”, conclui a moradora de Santa Rosa.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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