A mal planejada obra da Transoceânica, que agora tem seu prazo de conclusão adiado para novembro de 2018, provoca mais uma baixa no comércio local. O bazar A Pioneira, que fica em frente à padaria Versailles, na Estrada Francisco da Cruz Nunes, em Itaipu, vai fechar as portas este mês, depois que liquidar todo o estoque com 50% de desconto.
O comércio local tem sofrido não apenas durante a obra, mas também depois que cada trecho fica pronto, já que a via auxiliar deixou de existir, passando a funcionar como uma via rápida. Mais de 70% de vagas de estacionamento foram eliminadas prejudicando o acesso de fregueses às lojas.
No caso do bazar, as obras começaram na semana do Dia das Mães, segunda data mais importante para o comércio, depois do Natal, quando ficaram fechados todos os acessos a essa loja e as outras vizinhas.
O consórcio que executa a obra que deveria estar concluída em 2016 ganhou novo prazo para entrega-la até novembro de 2018, segundo termo aditivo ao contrato publicado em maio último pela prefeitura de Niterói. O valor inicial do projeto, orçado em R$ 310 milhões, devido a sete aditivos, já chega a R$ 417,6 milhões.
Fim de uma vida de trabalho
A Pioneira, aberta há 20 anos pelo casal Maria dos Prazeres e Luiz Carlos Cardoso, ele aposentado da antiga Cerj e ela professora primária. O negócio, além de ser fonte de sustento para eles tem também um fator sentimental muito forte, pois funciona como terapia para a mulher enfrentar um câncer, como conta o filho Luiz Felipe Cardoso.
— O fechamento provocado principalmente pela queda no movimento do comércio causado pela obra da Transoceânica está sendo muito triste para minha mãe. Ela sente como se estivesse perdendo alguém da família – diz o filho.
O pai, hoje com 59 anos, entrou como office boy na antiga Cerj e saiu de lá aposentado. A mãe, 63 anos, iniciou a vida como professora, migrou para ser consultora de uma empresa francesa de cosméticos, até surgir o câncer de intestino em 1997. Neste ano, mudaram de Icarai para Itaipu, em busca de uma melhor qualidade de vida.
— Nesta mesma época, com o real supervalorizado surgiu a oportunidade de abrir a primeira loja de R$ 1,99 em Itaboraí, e logo após, a loja de Itaipu. Chegaram a ter várias lojas em Piratininga, Santa Rosa, Icaraí e Rio de Janeiro. Com a desvalorização da moeda, o mercado foi mudando, as mercadorias ficando mais caras, as lojas de R$ 1,99 fechando uma a uma… A única que resistiu foi a de Itaipu que foi sendo modificada em um bazar com brinquedos, ferramentas, utilidades, decoração e outros itens de bazar – conta Luiz Felipe.
Nunca esquecerei daquele sábado em setembro/2012, época de campanha eleitoral em Niterói. Rodrigo Neves fazia uma “caminhada” na Região Oceânica, e eu tentava estacionar meu carro para ir ao comércio. Normalmente já era tarefa complicada em um sábado de manhã, e estava bem pior aquele dia por causa do “comício” do candidato. Aproveitei pra falar com ele sobre o assunto:
– O que o senhor pretende fazer para melhorar essa situação na Francisco da Cruz Nunes? O estacionamento no comércio é escasso, e a manobra dos carros na via auxiliar é perigosa.
– Vou fazer a TransOceânica, ligando o Engenho do Mato e Charitas, com túnel, BHLS, blá, blá, blá.
– Tá bom, mas e sobre essa dificuldade de estacionamento no comércio? Tá vendo essa confusão aqui? É sempre assim.
– Vou fazer a TransOceânica, túnel, BHLS, blá, blá, blá.
Ainda tentei perguntar pela terceira vez. Ele só queria saber de ligar o Engenho do Mato a Charitas, sem se importar com o que estivesse no meio do caminho. Ainda tenho esperança que ele perceba o erro, ouça as reclamações, conserte os problemas.
Maria dos Prazeres e Luiz Carlos. Passei em frente ao Bazar. Vi a faixa. Fiquei triste.
Obrigada querido!
Enfim somos reféns deste trem desgovernado, em que se tornou nosso país, nosso Estado, enfim nossa cidade!
Os outros fazem as trapalhadas e eu morro de vergonha, por tanto desgoverno!
Abraços!
Fim da via auxiliar prejudicando comércio e escolas, não é possível mais retornar a rótula do Cafubá (ou seja, não é mais rótula), Av. 6 com uma só faixa p/ carro levando o fluxo do túnel todo para a Av. 7 que, além da calçada sem conservação (e isso quando tem calçada) e ter poucos sinais de pedestres, alaga e desce terra na via, vias de acesso ao túnel passando por ruas residenciais em vez de continuar pela Av. 6 e 7, inexistência de linhas de ônibus p/ o Centro via túnel, diminuição dos retornos p/ carros (existem trechos em Piratininga que para você ir para o outro lado da rua tem que retornar no DPO do Cafubá), estreitamento da via (em alguns pontos não dá para andar ao lado de ônibus/caminhão) piso tátil mal colocado, rampas de acesso desniveladas, ciclofaixa em cima da calçada, remendo de novas calçadas com as antigas causando poças e inacessibilidade, retirada das árvores sem replantio no mesmo local (só se vê cimento), semáforos em local inapropriado nas ruas entre a rótula do Cafubá e Multicenter e por aí vai…
O jeito é esperar outro prefeito que tente consertar a lambança pq se dependermos desse que está aí, vai é piorar.
Excelente resumo dos vários problemas da obra. Procuro ser compreensivo, ressaltar os benefícios, ser paciente com os transtornos temporários, mas não dá pra ignorar tantos problemas! E dá pra melhorar muito, com certeza! Na minha opinião deveria cancelar esse corredor exclusivo de ônibus, só isso já resolveria a maioria dos problemas. Mas mesmo se mantiver o corredor, dá pra resolver também.
Uma perda lamentável para mais um casal de amigos e moradores da região…Forte abraço a amiga Prazeres e sucesso em sua empreiitada.