 Como na fábula de Esopo, na qual um velho, um menino e um burro que, em seu caminhar por uma estrada, provocam opiniões desencontradas sobre as atitudes deles, os decretos de isolamento social motivados pela Covid enfeixam muitas incoerências.
Como na fábula de Esopo, na qual um velho, um menino e um burro que, em seu caminhar por uma estrada, provocam opiniões desencontradas sobre as atitudes deles, os decretos de isolamento social motivados pela Covid enfeixam muitas incoerências.
A mais recente é a do toque de recolher em Niterói, das 23h às 5h, seguido hoje por decreto do governador Claudio Castro (válido para todo o Estado). A medida não define a situação da população de rua. Como e onde os mendigos que vivem sob marquises e viadutos vão se abrigar? Sobem no burro ou descem do burro? Permanecer na rua é proibido na madrugada. Terão que ficar de pé, andando de um lado para outro?
Niterói também proibiu a utilização de praias e espaços públicos para práticas esportivas coletivas. Ginástica na areia, em local aberto e ventilado, não pode. Mas nas academias envidraçadas, refrigeradas por ar-condicionado, pode-se malhar à vontade, desde que observada a taxa de ocupação do espaço. Descem todos do burro e seguem pela estrada a pé, ou apenas o velho ou o menino sobe no lombo do animal?
Há quem busque clareza na confecção dos escores de risco Covid. Por que vermelho e não laranja? Amarelo 1 ou amarelo 2? Um grupo de empresários afetados pelo decreto que manda fecharem bares e restaurantes às 18h, questiona a prefeitura de Niterói. A taxa de ocupação de leitos hospitalares estaria, segundo eles, contaminada por um dado que não retrata a situação epidemiológica do município. Dizem que a estatística hospitalar inclui a internação de pessoas de outras cidades. Isto mascararia os números que determinam o escore de risco, provocando restrições contaminantes para a saúde financeira do município.
E agora? Sobem o menino e o velho no burro, sobrecarregando o pobre animal; os dois carregam o burro, ou cada um deve seguir a pé seu destino?
 

 
     
			           
			           
			           
			          
Nós é que somos os burros carregando os políticos nas costas.