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O velho, o menino, o burro e as restrições em nome da Covid, em Niterói

Escrito por Gilberto Fontes às 16:42 do dia 12 de março de 2021
Sobre: Fábula da incoerência
  • velho, menino, burro
12mar

velho, menino, burroComo na fábula de Esopo, na qual um velho, um menino e um burro que, em seu caminhar por uma estrada, provocam opiniões desencontradas sobre as atitudes deles, os decretos de isolamento social motivados pela Covid enfeixam muitas incoerências.

A mais recente é a do toque de recolher em Niterói, das 23h às 5h, seguido hoje por decreto do governador Claudio Castro (válido para todo o Estado). A medida não define a situação da população de rua. Como e onde os mendigos que vivem sob marquises e viadutos vão se abrigar? Sobem no burro ou descem do burro? Permanecer na rua é proibido na madrugada. Terão que ficar de pé, andando de um lado para outro?

Niterói também proibiu a utilização de praias e espaços públicos para práticas esportivas coletivas. Ginástica na areia, em local aberto e ventilado, não pode. Mas nas academias envidraçadas, refrigeradas por ar-condicionado, pode-se malhar à vontade, desde que observada a taxa de ocupação do espaço. Descem todos do burro e seguem pela estrada a pé, ou apenas o velho ou o menino sobe no lombo do animal?

Há quem busque clareza na confecção dos escores de risco Covid. Por que vermelho e não laranja? Amarelo 1 ou amarelo 2? Um grupo de empresários afetados pelo decreto que manda fecharem bares e restaurantes às 18h, questiona a prefeitura de Niterói. A taxa de ocupação de leitos hospitalares estaria, segundo eles, contaminada por um dado que não retrata a situação epidemiológica do município. Dizem que a estatística hospitalar inclui a internação de pessoas de outras cidades. Isto mascararia os números que determinam o escore de risco, provocando restrições contaminantes para a saúde financeira do município.

E agora? Sobem o menino e o velho no burro, sobrecarregando o pobre animal; os dois carregam o burro, ou cada um deve seguir a pé seu destino?

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Gilberto Fontes
Repórter do cotidiano iniciou na Tribuna da Imprensa, depois atuou nos jornais O Dia, O Fluminense (onde foi chefe de reportagem e editor), Jornal do Brasil e O Globo (como editor da Rio e dos Jornais de Bairro). É autor do livro “50 anos de vida – Uma história de amor” (sobre a Pestalozzi), além de editar livros de outros autores da cidade.
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