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Coluna do LAM

O sonho da bicicleta elétrica

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Niterói poderia surfar na vanguarda caso desse tratamento digno aos ciclistas, as ciclofaixas e aos pedestres. Mas não dá. Poderia ser a capital do transporte alternativo não poluente seguindo uma tendência mundial, mas a desordem urbana já transformou a bicicleta em vilã.

Com a ausência ou anuência das autoridades, as chamadas bikes andam em alta velocidade em calçadas, ameaçando a vida dos pedestres, em especial os idosos. Toda hora tem uma confusão em Icaraí, Ingá, São Francisco, pedestres indignados e ciclistas com seus fones enfiados nos ouvidos desprezando, não só os pedestres e como os princípios básicos da cidadania.

Deixei de acreditar na popularização da bicicleta elétrica no Brasil quando vi o preço numa revenda. Um modelo aero 24, custa…quase R$ 7 mil! As menores custam R$ 5 ou R 6 mil. Há quem consiga marcas de baixo padrão por R$ 4 mil, fora os loucos que compram usadas na internet, sem ver, sem testar e, pior, sem verificar a “saúde” da bateria que é o item mais caro, como você pode conferir fazendo uma busca na internet.

Em geral a bicicleta elétrica tem autonomia de 30 quilômetros com velocidade máxima de 30 km/h. São bons números. Não fazem barulho nenhum, não poluem (lógico) e gastam quase nada de energia elétrica. Busquei essa informação no conceituado site Tecmundo, de tecnologia:

“Para recarregar a bateria de uma bike elétrica como LEV E-bike, você vai gastar nada mais do que R$ 0,25 na sua conta de luz no fim do mês. Com uma carga cheia, o modelo consegue rodar 35 quilômetros. Isso significa que, com os R$ 3,50 que você gastaria em menos de 1 litro de gasolina, você vai poder viajar 490 quilômetros com a sua magrela — talvez um pouco menos caso enfrente muitas subidas, mas ainda assim é um valor impressionante.

Se você faz um trajeto de 45 quilômetros por dia para ir e voltar do trabalho (ou seja, usando 1 litro por dia), gastará, em média, R$ 17,50 por semana e R$ 70 por mês com uma moto de 125 cilindradas. Já com a bicicleta elétrica, fazendo o mesmo percurso diário, o gasto semanal será de R$ 1,25 e o mensal sairá por R$ 5 — praticamente uma xícara de café. Faça as contas em um ano e compare a economia com combustível.”

O preço absurdo da bicicleta elétrica não é praga brasileira. Nos Estados Unidos custa R$ 5 mil, sem impostos. Claro, a renda média do norte-americano é muito maior, mas mesmo assim a bike elétrica é cara também por lá.

Em várias cidades do mundo desenvolvido, o serviço público, que é publico mesmo e não cofrinho de salafrários, investe em bicicletas elétricas de uso comum, aquele esquema de rodízio, pegar, rodar e deixar num lugar pagando pouquíssimo. Esses pontos tem tomada para recarga, abrigo e capa de proteção. Por que a prefeitura de Niterói não pensa em algo assim com bicicletas comuns, como existe no Rio, já que é inviável financeiramente usar elétricas? Lá as “laranjinhas” são de um grande banco que poderia fazer o mesmo por aqui.

O alto preço é também o grande obstáculo do carro elétrico no Brasil. Temos no país seis modelos elétricos e híbridos (elétrico/gasolina) em revendas: Toyota Prius – R$ 126.600; Lexus CT200h – R$ 135.750; Ford Fusion Hybrid – R$ 160.900; BMW i3 – R$ 159.950; Porsche Cayenne Hybrid – R$ 430 mil; BMW i8 – R$ 799.950. No mundo todo o elétrico não se popularizou por causa do preço. Exceção para o Toytoa Prius, cinco milhões de unidades vendidas no mundo, muito comprado nos Estados Unidos, apesar de ser um os objetos industrializados mais feios da história da civilização, principalmente a traseira que parece um projeto bêbado do batmóvel.

A bicicleta para Niterói seria uma ótima alternativa, desde que houvesse condições de uso seguras para os ciclistas. Todos os fabricantes, urbanistas, usuários dizem que a geografia da cidade é extremamente compatível, mas uma cidade não depende só da geografia para evoluir. Depende muito mais de vontade política.

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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