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Coluna do LAM

O Centro de Niterói foi enterrado vivo

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Semana passada Gilson Monteiro publicou aqui no site um ótimo texto intitulado “Uma viagem no tempo pelo Centro de Niterói”, mostrando as novas gerações a importância daquela preciosa região. Para ler, clique aqui: https://bit.ly/2zkgSN6

A verdade mostra que o desprezo se uniu ao descaso e o Centro de Niterói foi abandonado, largado, enterrado vivo. Em seu lugar resta um aglomerado decadente em acelerada decomposição que nem remotamente lembra o passado recente de glória, respeito, dignidade humana.

Por exemplo, a avenida Amaral Peixoto foi, durante séculos, o mais nobre endereço da cidade. Sediou a Assembleia Legislativa do antigo estado do Rio, tribunais, escritórios de renomados advogados, consultórios médicos e dentários, além de bancos, lojas, enfim, era a principal turbina econômica da cidade.

Suja, largada, a Amaral Peixoto é hoje um depósito de miseráveis, gente muito pobre, sem recursos, que tenta sobreviver morando nas calçadas que um dia foram tapete vermelho, apesar da existência da milionária Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, manipulada há anos pelo PT.

Nos prédios caindo aos pedaços (alguns sob ameaça crônica de interdição) os prostíbulos “abrigam” mulheres que não encontram meios de sobrevivência e se vendem nas calçadas, durante o dia, noite, madrugada, misturadas ao comércio ilegal.

Lojas, bancos, consultórios, escritórios, fogem da Amaral Peixoto (como de todo o Centro) porque os clientes temem até por sua segurança ao caminharem por lá. Por isso, a economia da região faliu, o que agrava ainda mais o quadro de miséria.

Já houve planos de revitalização que não saíram das maquetes. A rua da Conceição carregada de história (como Gilson mostrou em seu artigo) hoje padece até da falta de calçadas dignas. Perto do Beco da Sardinha, os pedestres disputam espaço entre os buracos na estreita pinguela que chamam de passeio público. E o estado das marquises?

O terminal rodoviário João Goulart virou sucursal do inferno e quem o utiliza sabe disso. Com um passado nobre, a avenida Visconde de Rio Branco (que já foi chamada de Rua da Praia) é uma baderna a céu aberto.

No mundo desenvolvido as cidades dão ao Centro (chamado de downtown) uma atenção muito especial porque é o seu representante, seu espelho, cartão de vistas. Em Niterói, mais do que isso. Foi o portão de entrada da cidade ao longo de séculos, mas nem os passageiros das barcas Rio-Niterói parecem suportar a decadência da região e tem optado pelos ônibus que passam pelos seus bairros.

Rejeitado por muitos, o nosso Centro, que já foi apelidado até de “Barcas” (vamos até as “barcas”?) virou área perigosa, ou, na melhor das hipóteses, zona vergonhosa.

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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