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O bairrismo do niteroiense

Escrito por Luiz Antonio Mello às 20:36 do dia 5 de agosto de 2016
Sobre: Temininós e papagoiabas
05ago

itapucaNão existe bairrista mais apaixonado do que o niteroiense. Falo com a não modesta experiência de quem, como jornalista, conheceu todas as capitais do país, de Porto Alegre a Manaus. Achava que o gaúcho poderia nos vencer, mas em minhas temporadas em Porto Alegre, Canoas e arredores, senti, sim, muita paixão de bombachas, tchê, mas nada próximo do amor que os chamados papagoiabas sentem por esta cidade, fundada pelo índio Araribóia.

Estamos entrando em mais um período eleitoral, na eleição que penso ser a mais importante para as cidades que é a de prefeito e vereadores. Mais uma vez o Vesúvio de paixão dos niteroienses começa a espalhar sua lava pelas ruas, vilas, avenidas, praias, barracos, mansões e tudo mais dessa terra. O niteroiense gosta de votar porque digita a urna com o coração. E ai do político que não demonstrar amor genuíno por essa terra aguerrida, com uma história de resistência rara.

Os temiminós (podemos chamar de primeiros niteroienses) ajudaram a expulsar os franceses em 1555. Em 1893 os locais dessa terra enfrentaram com bravura a Revolta da Armada e mais tarde, e em 1959, enfurecidos com os péssimos serviços prestados pela empresa que explorava o transporte por barcas, os papagoiabas incendiaram a estação da Praça Araribóia e, afirmam os livros de história, além de seis mortos e 118 feridos, resultou na depredação e incêndio tanto do patrimônio das barcas quanto da residência da família de empresários que administrava o serviço (o Grupo Carreteiro) e terminou com intervenção federal e estatização das barcas.

São inúmeros exemplos que exibem o sangue quente dessa gente corajosa, trabalhadora, bem humorada, que não tolera picaretagens na cidade. Alguém escreveu nos anos 1980 que “a maioria silenciosa, em Niterói, se vinga nas urnas”, mas é pouco. Já vi muitos políticos passarem sufoco em suas campanhas ao serem aparteados, em voz alta, por niteroienses rebelados. Os habitantes dessa cidade percebem, rapidamente, quando alguém está prometendo o que não pode cumprir, o que se torna gravíssimo quando esse alguém mente ao afirmar que ama e conhece Niterói. A guilhotina do voto degola impiedosamente os arrivistas.

Este site ultrapassou a marca de um milhão de acessos em pouquíssimos meses de vida porque os niteroienses sabem que Gilson Monteiro é um jornalista que se dedica a Niterói há décadas. Gilson conhece todo mundo, trabalha 24 horas por dia, consegue notícias de todos os setores da sociedade e, por isso, “Niterói de verdade” é cada vez mais lida, respeitada, conceituada por quem entende do assunto: o niteroiense. Além deamigo, tenho a honra de ser colega de profissão do grande Gilson.

Esse mês a cidade vai assistir ao início da campanha para a eleição de outubro. Vozes irão para as ruas, para a internet, jornais, rádios, TVs e o niteroiense eleitor, de todos os bairros, vai ficar de olho no quem é quem, ou, no quem não é quem.

A democracia agradece.

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Luiz Antonio Mello
Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.
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One thought on “O bairrismo do niteroiense

  1. Concordo com vc Gilson, confiamos neste Amor a cidade, para não deixar que qualquer Prefeitinho PT traves tido, engane o povo, com falsas obras eleitoreiras e absurdas!

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