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Coluna do LAM

Niterói volta ao cinema, mas ingressos caros ainda afastam muita gente

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Após passar muitos anos carente de bons cinemas, hoje Niterói pode se orgulhar. Depois da reinauguração do Cine Arte UFF, em 2014, um belo espaço, confortável, alta tecnologia de som e imagem, ar condicionado de cinema, vieram outras salas de altíssimo nível.

Significa que a tradição cinéfila do niteroiense que vem do início do século 20 não vai ser interrompida. Bom lembrar que em Niterói nasceu a primeira faculdade de Cinema do país, o curso da UFF, muito conceituado e respeitado. No feriadão desta semana, os cinemas da cidade lotaram.

Nos últimos três anos nasceu o espaço multicultural e gastronômico Reserva Cultural (em São Domingos), com cinco salas. (https://www.reservacultural.com.br/niteroi/filmes-em-cartaz/) ,

Os cinemas do shopping Bay Market foram totalmente reformados ganhando mais conforto e muita tecnologia de ponta (https://shoppingbaymarket.com.br/cinema.asp ). Os do Plaza Shopping (https://www.plazaniteroi.com.br/cinema ) continuam muito bem, obrigado, e as seis recém inauguradas do shopping Multicenter, no Trevo de Piratininga, por sinal, espetaculares  mantém o altíssimo padrão. (http://www.planetcinemas.com.br/programacao/4/niteroi/4.html ).

Como não possui canal de TV local, Niterói conseguiu manter o saudável hábito de ir ao cinema. Chegaram a existir mais de 30 salas por toda a cidade, com destaque para os saudosos Cine Imperial, mais o Icaraí, Central, Alameda, São Jorge, São Bento, Odeon, Éden, Mandaro, Cinema 1, Cine Center, Windsor.

Em uma matéria de 2014 publicada no Globo, a repórter Natasha Mazzacaro escreveu que “O primeiro a fechar suas portas foi o Cine São Bento, que ficava em frente ao campo de mesmo nome, em Icaraí. Foi transformado num prédio comercial em meados dos anos 70.

O Cine Central, localizado a poucos metros da estação das barcas, funcionou como bingo nos anos 2000. O Cinema Um, que foi rebatizado de Estação Icaraí e misturava filmes comerciais com alternativos até cerca de 15 anos atrás, deu lugar a uma papelaria. Há pouco mais de uma década, o imóvel do Cine Center foi dividido em diversas lojas. O Cinema Icaraí foi comprado pela UFF, e o Windsor, que funcionava no Trade Center Icaraí, está fechado há mais de dez anos.”

A cidade aguarda pelo desfecho da novela Cinema Icaraí que continua fechado, lacrado. O que está acontecendo ali? Qual é o mistério? Será que os vereadores podem interceder em nome da população e dar ao assunto a prioridade que ele merece?

O público está 80% satisfeito com a situação atual, mas há queixas, com razão. Muitos moradores da Região Oceânica dizem que por falta de divulgação sequer sabiam da existência dos seis cinemas no shopping Multicenter até recentemente. “Meus vizinhos não sabem disso e pegam o carro para ir ao cinema lá embaixo. O shopping e os cinemas deveriam anunciar regularmente nos jornais e sites da cidade, no Facebook, no Instagram, publicar a programação. Não somos obrigados a adivinhar. Tenho medo de que, vazios, acabem fechando”, diz a arquiteta Leticia Amaro, que mora em Piratininga.

O fotógrafo Phoando Seggue, que mora em Itacoatiara se mostrou surpreso: “fui saber agora que existem esses cinemas. É um absurdo que a gente tome conhecimento das coisas assim. Vou ao cinema toda semana e sendo perto de casa é muito melhor. Por que não divulgam?”.  Já a enfermeira Regina Brito Moura, que mora no Engenho do Mato, disse que soube “por acaso” da inauguração dos cinemas, mas vai muito pouco. “Os ingressos estão caros demais. Mesmo assim não há sequer um painel na frente do Multicenter informando que há seis ótimos cinemas funcionando. É pão durice ou é a velha lenda do ´boca a boca, como se a cidade ainda fosse minúscula, com mil moradores trocando informações? Eles deveriam divulgar.”

A maior reclamação de todos é com relação ao preço dos ingressos. Com exceção ao Cine Arte UFF, que felizmente mantém preços baixos graças ao subsídio da Universidade, todos os cinemas esfolam. Os preços oscilam entre R$ 34,00 (inteira) a R$ 77,00 (sala VIP), mas há ainda o custo do estacionamento, a pipoca que nas salas é caríssima e o refrigerante idem. “Um casal sem filhos gasta, por baixo, R$ 100,00 numa ida ao cinema”, comenta o economista Helio Nobs Gomes que acha que “os cinemas têm muita gordura para tirar. Podem cobrar muito menos e ganhar bem na quantidade de público. O que adianta manter uma sala cara e vazia? Salas que estão mais baratas do que há 15 anos. Não existem mais lanterninhas, os projetores são digitais e não existem projetistas, a iluminação dos espaços é de led, enfim, o custo caiu.”.

Helio lembra que “com a chegada dos canais de streaming como a Netflix, Amazon Prime Video, Now e outros os cinemas tem que tomar uma atitude para competir e não ficar reclamando num canto, pedindo protecionismo, reserva de mercado”. Uma mensalidade da Netflix custa R$ 26,00 (milhares de filmes à disposição), da Amazon (R$ 14,00) e do Now é por filme. O You Tube exibe qualquer filme com ingresso de um a cinco reais.

A prefeitura lançou o elogiado Programa de Fomento que busca tornar Niterói a Cidade do Audiovisual. Estão sendo investidos R$ 6 milhões, metade da Ancine, do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). A outra metade é um investimento direto da prefeitura. Produtoras sediadas em qualquer lugar do Estado do Rio podem inscrever seus projetos, em 8 linhas de ação. Detalhes aqui: https://culturaniteroi.com.br/blog/?id=3345&equ=cultura

Desde a produção de obras cinematográficas, de longa-metragem e de média ou curta-metragem, até a produção obras audiovisuais para TV (obras seriadas e telefilmes), passando pela distribuição de obras de longa-metragem para comercialização, produção e difusão de conteúdos audiovisuais em novas mídias, manutenção de cineclubes, projeções em espaços urbanos, mostras e festivais de cinema e pesquisas sobre o setor audiovisual.

Por tudo isso, Niterói voltou ao cinema, mas se os preços baixassem o público seria muito maior.

P.S. – Um convite: https://www.podomatic.com/podcasts/luizantoniomello/episodes/2018-11-19T07_04_20-08_00

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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